sexta-feira, 15 de novembro de 2013

cordel os gaiolas do rio são francisco

OS GAIOLAS DO RIO SÃO FRANCISCO Neste cordel eu me vejo Passeando pela história Escrevendo pouco a pouco O que trago na memória Sobre o Rio Francisco Um marco feito de glória. Antes porém é preciso Acrescentar na introdução A história do São Francisco Grande rio da Nação A importância que ele tem Em toda sua extensão. Chamado de Velho Chico Este rio feito de encanto Por cinco estados ele cruza Leva seu sagrado manto Distribuindo alimentos Em nome do mesmo Santo. Em mil e quinhentos e um Deu-se o Rio por descoberto Foi com Américo Vespúcio Um navegador esperto Pressentia que a riqueza Dele estava muito perto. 1 Já os índios da região De sabença secular De “Opara” chamavam o rio Que significava “Rio-Mar” O homem branco lá chegando Os índios profetizando: - Este rio vai-se acabar. Lindamente o São Francisco Nasce nas terras mineiras Formados de águas mansas E também de corredeiras Um rio cheio de histórias E de lendas brasileiras. Portanto o velho Chico Um rio feito de curriola Onde se come um bom pescado Ao som alegre da viola E a saudade vem surgindo Das viagens no Gaiola. O Gaiola é no Brasil Um tipo de embarcação Que navega pelo rio De uma certa região Levando gente ribeirinha Do cerrado e do sertão. Disse o velho gaioleiro Um ditado interessante: Que navegar é preciso Viver não é semelhante Um rio corre naturalmente Devagar, chega a diante. 2 A primeira embarcação Para o povo ribeirinho Apelidado de Gaiola Retribuição de carinho Batizado pelo nome: Barco SALADANHA MARINHO. Foi importante este barco Para o baiano e mineiro Com apito rouco e estridente De longe ouvia o viageiro Tinha como itinerário, Pirapora a Juazeiro. A segunda embarcação Em viagens por águas santas No leito do São Francisco Margeando belas plantas Este barco conhecido: Como o PRESIDENTE DANTAS. A lancha CEZÁRIO foi A terceira a navegar Pelas águas do Velho Chico Viajava sem parar Um gaiola pro comércio Das pessoas do lugar. SÃO PAULO o quarto vapor Teve vida temporária Era voltado para pesca E para agropecuária Sem explicação sumiu Do Porto de Januária. 3 ANTÔNIO DO NASCIMENTO Este foi o quinto vapor Pirapora a Bom Jesus Deslanchava o roncador Tinha porte mediano E um reforçado motor. O barco ALFREDO VIANA Outro de grande valor Impulsionado por hélice Nas águas era um trator Transformado em gaiola Passa a chamar SALVADOR. O mais velozes dos gaiolas De nome MATA MACHADO Também foi o mais possante Tinha o casco achatado Levava gente importante Nunca ficando encalhado. Vem o ENGENHEIRO HALFED O maior do São Francisco Era bastante imponente Andava sem correr risco Tinha até segunda classe O gaiola mais arisco. O vapor MELO VIANA De belíssimos patamares Levava grandes toneladas Para todos os lugares Teve o nome substituído Por gaiola RAUL SOARES. 4 Tinha o nome de SÃO FRANCISCO O vapor da integração Carregou gente importante Do mais alto escalão Um incêndio inesperado Casou sua destruição. É bonito ver passar Qualquer dia qualquer hora O BENJAMIM GUIMARÃES Na cidade de Pirapora No mundo não há quem tenha Um vapor movido à lenha Ao rompimento da aurora. O gaiola Benjamim É de se encantar qualquer vista Nele pode passear Do Governador ao artista Um patrimônio mundial À espera do turista. O BARÃO DE COTEGIPE O gaiola da saudade De apito melodioso Alegria da cidade Abandonado em Pirapora Sem a menor piedade. Até hoje os barranqueiros Lamentam tal descaso O barco foi abandonado Num banco de areia raso Culpa da administração Ignorância do atraso. 5 Vem o FERNANDES CUNHA Construído em Juazeiro Tinha uma máquina moderna Navegava bem ligeiro Queimado em Matias Barbosa Em território mineiro. O CORDEIRO DE MIRANDA Um barco muito imperfeito Duas vezes naufragou Por ser alto e muito estreito Muitas pessoas morreram Por causa do tal defeito. Um dos melhores vapores Foi o WENCESLAU BRAZ O gaiola dos turistas Perfeito no leva-e-traz Veio a sofrer um naufrágio Saiu fora do cartaz. O gaiola FERNÃO DIAS Na Inglaterra fabricado Nas águas do São Francisco Com cuidado foi lançado Sem justa explicação Também foi incendiado. O gaiola ANTÔNIO OLINTO Origem desconhecida Na revolução de 30 (1930) Teve a triste despedida Navegava no São Francisco Muito tira perdeu a vida. 6 O SANTA CLARA, outro gaiola Que o caboclo d’água levou Nas águas do Velho Chico Em 32 naufragou Morrendo várias pessoas Só a saudade restou. O gaiola CORONEL RAMOS Barco cheio de nove hora Era pertencente da, Viação de Pirapora E como os demais gaiolas Pro ferro velho foi embora. Agora o FRANCISCO BISPO Nome dado em homenagem Ao melhor de todo o Vale De mecânica de engrenagem Um gaiola interessante Encantador de passagem. O gaiola SERTANEJO Rebocava duas chatas O Piriquitinho Verde Era das cores da mata Pelo Rio São Francisco Viajou por poucas datas. Origem desconhecida O GOVERNADOR VALADARES Antes de ser ferro velho Naufragou em vários lugares Um gaiola misterioso Semelhante aos lupanares. 7 O gaiola AFONSO ARINOS De origem desconhecida Também sofreu naufrágio Nesta cena repetida Ferro velho o destino Mais um fora da vida. Agora o PARACATUZINHO Barco de pequeno porte Um gaiola naufragado Bem em Minas, lá no Norte Ninguém neste não morreu Caboclo d’água deu a sorte. Vem o JURACY MAGALHÃES O maior vapor da frota Só em rio cheio navegava Para não perder a rota Abandonado em Juazeiro Teve a sua vida morta. Outros gaiolas no cordel Como o COSTA PEREIRA Naufragou em Pirapora Em plena terra mineira NILTON PRADO e RODRIGO SILVA Foram da mesma maneira. Agora pra terminar COSTA E SILVA eu enumero Junto com o JUAREZ TÁVORA Gaiolas de grande esmero De soma aos desmantelos Nossa história vai a zero. 8 Fim – 19/10/2013.

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