CORDEL EM LOUVOR
A CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
É do Pico do Cauê
Que me vem inspiração
De dedicar estes versos
Ao Poeta da Nação
São mineiros meus versos
Tirados do coração.
A beleza mais profunda
Habita na poesia
E o poeta itabirano
Atingiu esta harmonia
Assim com Salomão
Em sua sabedoria.
A pedra do meu caminho
Morro abaixo já rolou
Na vereda em que caiu
Uma flor nela brotou
Desta flor quero agora
Sua forma e sua cor.
Santa Maria do Itabira
Acabou de me inspirar
E no cordel do Drummond
Vou agora versejar
Cada verso bem rimando
Em sextilha singular.
1
Em mil novecentos e dois
Foi o dia do arrebento
Minas Gerais o Estado
Onde nasceu o pequeno
De Carlos foi batizado
No dia do nascimento.
Um anjo no firmamento
De que torto foi chamado
Predestinou sua vida
A ser poeta acanhado
E o viver do poeta
Com compasso foi traçado.
O poeta é uma lanterna
Que não pára de piscar
Iluminando em seu redor
Tudo que acontecerá
É na guerra ou na paz
É na roça ou no altar.
Assim com Carlos Drummond
Tudo isso aconteceu
Cantou ele a pura justiça
E o pensar de quem sofreu
Cantou a paz e os amigos
Pelo tempo em que viveu.
2
Neste ano em que estamos (2002)
Cem anos ele faria
E a transformação do mundo
Chocado assistiria
O mundo ainda continua
Em bruta desiguaria.
Vou beber minha cachaça
Minha cachaça é meu cordel
Quem não tem sua cachaça
Decerto estará no céu
De Drummond Foi a poesia
Rascunhada no papel.
Dizem que a rosa do povo
No asfalto em que nasceu
Era a rosa da poesia
Que tão breve esmaeceu
Quando soube da notícia
Que o poeta então morreu.
No brejo de minha alma
Mora o sentimento do mundo
Unindo os cacos da vida
Em matéria de segundo
Talvez entenderíamos
O mundo no vasto mundo.
3
.A forma da palavra escrita
Carlos do Drummond foi o tal
Descobriu a medida certa
Do ritmo angelical
Não há perdas de palavras
Em seu verso natural.
Depois que Drummond partiu
Ficou mais triste o horizonte
Nenhum engenheiro é capaz
De construir nova ponte
Na lacuna que ficou
Deste legado profundo.
A poesia de Drummond
Foi um bem doado ao mundo
Gerações por gerações
Curtirão cada segundo
A riqueza que ficou
Deste legado profundo.
Pela sua simplicidade
O poeta poupa o verso
Quanto menos tanto mais
A palavra é do universo
São poemas que encantam
O de longe e o de perto.
4
Modernamente foi um clássico
O nosso poeta brasileiro
Amava muito as crianças
Foi estandarte da Mangueira
Viveu no Rio de Janeiro
Sem deixar de ser mineiro.
A vida passada a limpo
Ao redator de Plantão
José, Quadrilha, João
Aqui na terra e em Marte
Num galope a beira-mar
O lutador-comunhão.
Entre dois adjetivos
O melhor é o substantivo
Drummond sendo singular
Era muito criativo
Levou a vida inteira
Cabisbaixo pensativo.
O espírito do mineiro
Foi levado para o Rio
Vive lá eternamente
Com a energia no fio
A beleza da poesia
Foi de Minas que partiu.
5
A poesia do poeta
Não tem tempo nem idade
A grande população
De qualquer r rua ou cidade
Sabe que Carlos Drummond
Sempre é poeta de verdade.
De tanto pisar em ferro
Nas montanhas dos Gerais
Aprendi que a poesia
Escorre dos minerais
E o poeta com a bateia
Acha palavras geniais.
Dizem que era gozador
Nosso poeta mineiro
Se não acreditada em Deus
Religioso por inteiro
Obscuro e participante
Muitas vezes rotineiro.
Não há pedra pelo caminho
Que me tapa a poesia
Eu sou do sertão mineiro
Minha escola é o dia-a-dia
Sou formado no cascalho
Assim como Drummond dizia.
6
Gostou mesmo de louvar
Quem é bom de coração
Não louvo qualquer pessoa
Enxerida e charlatona
Louvo o poeta Drummond
Com a força da emoção.
Como todos nós sabemos
Poesia é pura emoção
E o poeta resolveu
O rosário na Nação
Com o seu: E agora José?
Indaga o nobre e o povão.
Lá no céu vai Drummond
Inteiramente à vontade
Um anjo torto lhe acompanha
Em qualquer cumplicidade
Ri dos vivos que cá estão
Com a maior simplicidade.
Itabira e Sabará
Continuam no lugar
Com a alma do mineiro
Ouvindo o tempo passar
A Vale comendo o ferro
Que o Japão vai vomitar.
7
Não se luta com palavras
Porque é uma luta vã
Drummond descobriu a forma
Da palavra sem divã
Por isso o mundo inteiro
Tem o Drummond como fã.
Também nos contos e crônicas
Nada fica para traz
Carlos, um bom artesão
Da palavra que satisfaz
Agradando a todo mundo
Do comum até ao loquaz.
Acabo aqui o meu cordel
Que compus em redondilhas
Ele vai pro mundo afora
Para todas as famílias
Será bem distribuído
Em formato de partilhas.
Eu também sou um poeta
O menor da escalação
Se eu errei no meu verso
Ou errei na louvação
Foi o ouvido que entortou
Peço ao Carlos o meu perdão.
8 - fim
Nenhum comentário:
Postar um comentário