segunda-feira, 10 de dezembro de 2012
Cordel para Clara Nunes - Olegário Alfredo da ABLC
CLARA NUNES
CLARIDADE ETERNA
Olegário Alfredo
A vida que nos rodeia
É feita de brevidade
Viva a vida com alegria
Deixe de lado a vaidade
Nas voltas que o mundo dá
Procure a felicidade.
Tudo está na Natureza
Em perfeito movimento
Num pequeno grão de areia
Existe muito fundamento
Na alquimia do morrer
Faz nascer outro elemento.
Olorum que modupê
Vamos todos saravá
Calara Nunes está na roda
Junto com seu orixá
Gira, que gira girando
No Illê axé opô afonjá.
Vem, que vem linda menina
Vem levantar a poeira
Vamos todos aplaudir
Clara Nunes, a guerreira.
A rainha soberana
Das águas da cachoeira.
1
Assim começa esta história
Numa ventania de agosto
Ano de quarenta e dois (1942)
No céu, um sol bem disposto
De Clara, foi batizada
Pois ser clara, é ter bom gosto.
Num pedaço de sertão
Da paisagem mineira
Cidade antes conhecida
De Cedro da Cachoeira
Paraopeba – Caetanópolis
Designação derradeira.
O pai, Mané Serrador
Cantador e violeiro
Carregava este apelido
Por ser um bom carpinteiro
Nas folias e congadas
Ele sempre pioneiro.
A mãe, Amélia se chamava
Adorava o companheiro
Mas da vida nada se sabe
Veio o destino traiçoeiro
Levou o pai depois a mãe
Ao Superior Terreiro.
2
Órfã desde pequenina
Foi crescendo pela vida
Olhada pelos irmãos
Após triste partida
Assim Clara era feliz
Pois o amor é quem diz
Como curar a ferida.
Nos afazeres de casa
Ajudava suas irmãs
Nas folgas se enfeitava
De muitos balangandãs
E gostava de cantar
Ao alvorecer das manhãs.
Clara gostava de brincar
E não vivia sozinha
Amava suas bonecas
Grandes amigas que tinha
Em suas folgas brincava
Com a meninada vizinha.
E como brincava a pequena
Se deixasse, não tinha hora
Era soltar papagaio
Gangorrar no pé de amora
Montar a cavalo no pêlo
Sem usar sela ou espora.
3
Muito cedo despertou
Gosto pelo Kardecismo
Tinha vida recheada
De forte magnetismo
Eram manifestações
Dentro do espiritismo.
E Clara Francisca escutava
Vozes do tataravô
Do tempo do cativeiro
O grande Babalaô
- Você menina pois é:
Filha de Ogum com Xangô.
Na engrenagem da vida
Vive escondida a surpresa
Ninguém define seu caminho
Nada é certo nem certeza
E por causa de um sucedido
Clarinha se viu indefesa.
Seu namorado pois era
Gente da sociedade
Na fábrica de tecidos (em Paraopeba)
Era máxima autoridade
No, entretanto tinha fama
De mal visto na cidade.
4
A notícia chegou rápida
Em sua terra natal
Mataram seu namorado
Pra preservar sua moral
Clara decepcionada
Muda para a capital.
E lá vai a vida rodando
Empurrando o seu destino
Quem chama o fiel à igreja
São as repicagens do sino
A força que as coisas tem
São presságios do divino.
Tinha pouca experiência
No ramo da tecelagem
A Fábrica da Renascença *
Era a maior em tiragem
Segue Clara para lá
Muita fé em Yemanjá
Com a cara e a coragem.
A vida passada a limpo
Uma nova situação
Trabalhar para o sustento
Cumprir ordem do patrão
Tudo aquilo para Clara
Transmutava uma canção.
5
E assim Clara se empregou
Na fábrica de tecidos
Ainda muito recente
Com os sentimentos doídos
E os apitos da tecelagem
Ferindo os seus ouvidos
Viu-se cair na rotina
O que jamais ela queria
Pois cantar era seu dom
E de certo isto faria
Forças vindas do distante
Toda hora ela sentia.
Problemas familiares
Deixavam-na transtornada
Mesmo assim Clara encontrava
Força tamanha e encantada
Em continuar trabalhando
E viver sempre sonhando
Em ser cantora afamada.
E foi no coral da igreja
Que teve oportunidade
Em mostrar a bela voz
Naquela localidade
Cantou como um rouxinol
E com naturalidade.
6
Esta data representou
Um salto para o futuro
E uma luz no fim do túnel
Fez clarear o escuro
Clara viu naquela hora
Gosto do fruto maduro
Recebe de bate pronto
Um convite salutar
E na Rádio Inconfidência
Já poderia a cantar
As portas da felicidade
Deu sinal pra não fechar.
E lá vai a vida prosseguindo
O seu natural percurso
Clara muito obstinada
Mesmo com pouco recurso
Vence “A VOZ DE OURO ABC” *
O concorrido concurso.
Logo então a mineirinha
Ver subir sua moral
Cantando em casas noturnas
No centro da Capital
Muito rápido viu chegar
A projeção nacional.
7
Logo assim um bom amigo
Do balaio jornalístico
A propõe mudar de nome
Para que seja mais artístico
Muda para Clara Nunes
Nome forte e muito místico.
Olurum é quem governa
O Universo por inteiro
São Jorge que é Ogum
É quem manda no terreiro
Clara Nunes cai na vida
Com fé no seu padroeiro.
E lá vai a mineirinha
Rumo ao Rio de janeiro (1965)
Contratada pela Odeon
Sonhando em ver dinheiro
Boleros e sambas-canções
Músicas de seu roteiro.
Logo vem outro LP (1968)
“Você Passa Eu Acho Graça”
Grande sucesso de fato
Estourou por toda praça
Pois o samba era seu dom
Que de cabeça ela abraça.
8
E Clara Nunes pois era
Uma mulher incomum
Seu corpo comunicava
Era de quebrar o jejum
Sua voz emocionava
O seu perfume exalava
A beleza pura de Oxum.
Clara Nunes pelos palcos
Era de impressionar
Transmitia verdade
Possuía ímã no olhar
Era mesmo uma explosão
Tinha determinação
No começo do cantar.
Mulher de senso prático
E toda ela sincrética
Na Umbanda ou Candomblé
Carregava a mesma ética
No Católico ou Kadercismo
Mostrando seu sincretismo
Na mesma linha estética.
Com tamanhas qualidades
Esta sobrenatural
Clara ganha relevância
No cenário musical
Agrega ritmos populares
Frenquenta todos os lugares
Uma mulher sem igual.
9
Descobre sozinha que
Na vida não tem segredo
Caminhando para frente
É que vai perdendo o medo
Pois foi ela a primeira dama
A gravar sambas-enredo.
E temos Clara Nunes
Do Brasil, a voz mais bela
A sua grandeza a fez
Desfilar na passarela
Dando brilho colossal
No gigante carnaval
Lá na Escola da Portela.
A partir deste momento
No auge de sua carreira
Lança mais um elepê (1971)
Só com músicas de primeira
Clarinha torna-se então
Totalmente brasileira.
Em seguida veio o sucesso
Com o disco alvorecer (1974)
Mais de 500 mil cópias
Pôs-se rápido a vender
Foi a primeira brasileira
Esta conquista receber.
10
Clara Nunes fez de tudo
Com amor e serenidade
Subiu no palco com brilho
Sem pecado ou vaidade
Inaugurou um teatro
De sua propriedade.
Viajou pelo mundo afora
Influenciou gerações
Transitava sem preconceito
Em todas religiões
Sabemos que neste mundo
Não há segundo sem primeiro
Clara Nunes na caçada
Com seu tiro bem certeiro
Realiza o casamento
Com Paulo César Pinheiro.
Um grande compositor
Um bruxo visionário
Um poeta de primeira
Um valente missionário
E junto com Clara vão
Rompendo o fuso-horário.
Naturalmente gravaram
Diversas composições
Os sambas foram parar
Em outras tantas nações
Sempre da mesma maneira:
Explodindo corações.
Clara Nunes foi portanto
Carismática e muito bela
O seu cantar parecia
Ser uma oração singela
Da terra subia ao Céu
Em formato de aquarela.
11
Clara Nunes fez de tudo
Com amor e serenidade
Subiu no palco com brilho
Sem pecado ou vaidade
Inaugurou um teatro
De sua propriedade.
Viajou pelo mundo afora
E por todas regiões
Transitou sem preconceito
Por todas religiões
Fez sorrir e fez chorar
Os mais puros corações.
A vida como sabemos
Nada mais é que surpresa
Clara Nunes num só segundo
Estava muda e indefesa
- Se a ceia estava servida
A uma pessoa tão querida
Por que tiraram a mesa?
Morrer acontece, sabemos
Toda morte deixa dor
Tão cedo Clara subiu
Para o Andar Superior
E por lá vive cantando
Junto de Nosso Senhor.
12
Cordel para Clara Nunes - Olegário Alfredo da ABLC
CLARA NUNES
CLARIDADE ETERNA
Olegário Alfredo
A vida que nos rodeia
É feita de brevidade
Viva a vida com alegria
Deixe de lado a vaidade
Nas voltas que o mundo dá
Procure a felicidade.
Tudo está na Natureza
Em perfeito movimento
Num pequeno grão de areia
Existe muito fundamento
Na alquimia do morrer
Faz nascer outro elemento.
Olorum que modupê
Vamos todos saravá
Calara Nunes está na roda
Junto com seu orixá
Gira, que gira girando
No Illê axé opô afonjá.
Vem, que vem linda menina
Vem levantar a poeira
Vamos todos aplaudir
Clara Nunes, a guerreira.
A rainha soberana
Das águas da cachoeira.
1
Assim começa esta história
Numa ventania de agosto
Ano de quarenta e dois (1942)
No céu, um sol bem disposto
De Clara, foi batizada
Pois ser clara, é ter bom gosto.
Num pedaço de sertão
Da paisagem mineira
Cidade antes conhecida
De Cedro da Cachoeira
Paraopeba – Caetanópolis
Designação derradeira.
O pai, Mané Serrador
Cantador e violeiro
Carregava este apelido
Por ser um bom carpinteiro
Nas folias e congadas
Ele sempre pioneiro.
A mãe, Amélia se chamava
Adorava o companheiro
Mas da vida nada se sabe
Veio o destino traiçoeiro
Levou o pai depois a mãe
Ao Superior Terreiro.
2
Órfã desde pequenina
Foi crescendo pela vida
Olhada pelos irmãos
Após triste partida
Assim Clara era feliz
Pois o amor é quem diz
Como curar a ferida.
Nos afazeres de casa
Ajudava suas irmãs
Nas folgas se enfeitava
De muitos balangandãs
E gostava de cantar
Ao alvorecer das manhãs.
Clara gostava de brincar
E não vivia sozinha
Amava suas bonecas
Grandes amigas que tinha
Em suas folgas brincava
Com a meninada vizinha.
E como brincava a pequena
Se deixasse, não tinha hora
Era soltar papagaio
Gangorrar no pé de amora
Montar a cavalo no pêlo
Sem usar sela ou espora.
3
Muito cedo despertou
Gosto pelo Kardecismo
Tinha vida recheada
De forte magnetismo
Eram manifestações
Dentro do espiritismo.
E Clara Francisca escutava
Vozes do tataravô
Do tempo do cativeiro
O grande Babalaô
- Você menina pois é:
Filha de Ogum com Xangô.
Na engrenagem da vida
Vive escondida a surpresa
Ninguém define seu caminho
Nada é certo nem certeza
E por causa de um sucedido
Clarinha se viu indefesa.
Seu namorado pois era
Gente da sociedade
Na fábrica de tecidos (em Paraopeba)
Era máxima autoridade
No, entretanto tinha fama
De mal visto na cidade.
4
A notícia chegou rápida
Em sua terra natal
Mataram seu namorado
Pra preservar sua moral
Clara decepcionada
Muda para a capital.
E lá vai a vida rodando
Empurrando o seu destino
Quem chama o fiel à igreja
São as repicagens do sino
A força que as coisas tem
São presságios do divino.
Tinha pouca experiência
No ramo da tecelagem
A Fábrica da Renascença *
Era a maior em tiragem
Segue Clara para lá
Muita fé em Yemanjá
Com a cara e a coragem.
A vida passada a limpo
Uma nova situação
Trabalhar para o sustento
Cumprir ordem do patrão
Tudo aquilo para Clara
Transmutava uma canção.
5
E assim Clara se empregou
Na fábrica de tecidos
Ainda muito recente
Com os sentimentos doídos
E os apitos da tecelagem
Ferindo os seus ouvidos
Viu-se cair na rotina
O que jamais ela queria
Pois cantar era seu dom
E de certo isto faria
Forças vindas do distante
Toda hora ela sentia.
Problemas familiares
Deixavam-na transtornada
Mesmo assim Clara encontrava
Força tamanha e encantada
Em continuar trabalhando
E viver sempre sonhando
Em ser cantora afamada.
E foi no coral da igreja
Que teve oportunidade
Em mostrar a bela voz
Naquela localidade
Cantou como um rouxinol
E com naturalidade.
6
Esta data representou
Um salto para o futuro
E uma luz no fim do túnel
Fez clarear o escuro
Clara viu naquela hora
Gosto do fruto maduro
Recebe de bate pronto
Um convite salutar
E na Rádio Inconfidência
Já poderia a cantar
As portas da felicidade
Deu sinal pra não fechar.
E lá vai a vida prosseguindo
O seu natural percurso
Clara muito obstinada
Mesmo com pouco recurso
Vence “A VOZ DE OURO ABC” *
O concorrido concurso.
Logo então a mineirinha
Ver subir sua moral
Cantando em casas noturnas
No centro da Capital
Muito rápido viu chegar
A projeção nacional.
7
Logo assim um bom amigo
Do balaio jornalístico
A propõe mudar de nome
Para que seja mais artístico
Muda para Clara Nunes
Nome forte e muito místico.
Olurum é quem governa
O Universo por inteiro
São Jorge que é Ogum
É quem manda no terreiro
Clara Nunes cai na vida
Com fé no seu padroeiro.
E lá vai a mineirinha
Rumo ao Rio de janeiro (1965)
Contratada pela Odeon
Sonhando em ver dinheiro
Boleros e sambas-canções
Músicas de seu roteiro.
Logo vem outro LP (1968)
“Você Passa Eu Acho Graça”
Grande sucesso de fato
Estourou por toda praça
Pois o samba era seu dom
Que de cabeça ela abraça.
8
E Clara Nunes pois era
Uma mulher incomum
Seu corpo comunicava
Era de quebrar o jejum
Sua voz emocionava
O seu perfume exalava
A beleza pura de Oxum.
Clara Nunes pelos palcos
Era de impressionar
Transmitia verdade
Possuía ímã no olhar
Era mesmo uma explosão
Tinha determinação
No começo do cantar.
Mulher de senso prático
E toda ela sincrética
Na Umbanda ou Candomblé
Carregava a mesma ética
No Católico ou Kadercismo
Mostrando seu sincretismo
Na mesma linha estética.
Com tamanhas qualidades
Esta sobrenatural
Clara ganha relevância
No cenário musical
Agrega ritmos populares
Frenquenta todos os lugares
Uma mulher sem igual.
9
Descobre sozinha que
Na vida não tem segredo
Caminhando para frente
É que vai perdendo o medo
Pois foi ela a primeira dama
A gravar sambas-enredo.
E temos Clara Nunes
Do Brasil, a voz mais bela
A sua grandeza a fez
Desfilar na passarela
Dando brilho colossal
No gigante carnaval
Lá na Escola da Portela.
A partir deste momento
No auge de sua carreira
Lança mais um elepê (1971)
Só com músicas de primeira
Clarinha torna-se então
Totalmente brasileira.
Em seguida veio o sucesso
Com o disco alvorecer (1974)
Mais de 500 mil cópias
Pôs-se rápido a vender
Foi a primeira brasileira
Esta conquista receber.
10
Clara Nunes fez de tudo
Com amor e serenidade
Subiu no palco com brilho
Sem pecado ou vaidade
Inaugurou um teatro
De sua propriedade.
Viajou pelo mundo afora
Influenciou gerações
Transitava sem preconceito
Em todas religiões
Sabemos que neste mundo
Não há segundo sem primeiro
Clara Nunes na caçada
Com seu tiro bem certeiro
Realiza o casamento
Com Paulo César Pinheiro.
Um grande compositor
Um bruxo visionário
Um poeta de primeira
Um valente missionário
E junto com Clara vão
Rompendo o fuso-horário.
Naturalmente gravaram
Diversas composições
Os sambas foram parar
Em outras tantas nações
Sempre da mesma maneira:
Explodindo corações.
Clara Nunes foi portanto
Carismática e muito bela
O seu cantar parecia
Ser uma oração singela
Da terra subia ao Céu
Em formato de aquarela.
11
Clara Nunes fez de tudo
Com amor e serenidade
Subiu no palco com brilho
Sem pecado ou vaidade
Inaugurou um teatro
De sua propriedade.
Viajou pelo mundo afora
E por todas regiões
Transitou sem preconceito
Por todas religiões
Fez sorrir e fez chorar
Os mais puros corações.
A vida como sabemos
Nada mais é que surpresa
Clara Nunes num só segundo
Estava muda e indefesa
- Se a ceia estava servida
A uma pessoa tão querida
Por que tiraram a mesa?
Morrer acontece, sabemos
Toda morte deixa dor
Tão cedo Clara subiu
Para o Andar Superior
E por lá vive cantando
Junto de Nosso Senhor.
12
Corde em louvor a Clara Nunes - Olegário Alfredo da ABLC
CLARA NUNES
CLARIDADE ETERNA
Olegário Alfredo
A vida que nos rodeia
É feita de brevidade
Viva a vida com alegria
Deixe de lado a vaidade
Nas voltas que o mundo dá
Procure a felicidade.
Tudo está na Natureza
Em perfeito movimento
Num pequeno grão de areia
Existe muito fundamento
Na alquimia do morrer
Faz nascer outro elemento.
Olorum que modupê
Vamos todos saravá
Calara Nunes está na roda
Junto com seu orixá
Gira, que gira girando
No Illê axé opô afonjá.
Vem, que vem linda menina
Vem levantar a poeira
Vamos todos aplaudir
Clara Nunes, a guerreira.
A rainha soberana
Das águas da cachoeira.
1
Assim começa esta história
Numa ventania de agosto
Ano de quarenta e dois (1942)
No céu, um sol bem disposto
De Clara, foi batizada
Pois ser clara, é ter bom gosto.
Num pedaço de sertão
Da paisagem mineira
Cidade antes conhecida
De Cedro da Cachoeira
Paraopeba – Caetanópolis
Designação derradeira.
O pai, Mané Serrador
Cantador e violeiro
Carregava este apelido
Por ser um bom carpinteiro
Nas folias e congadas
Ele sempre pioneiro.
A mãe, Amélia se chamava
Adorava o companheiro
Mas da vida nada se sabe
Veio o destino traiçoeiro
Levou o pai depois a mãe
Ao Superior Terreiro.
2
Órfã desde pequenina
Foi crescendo pela vida
Olhada pelos irmãos
Após triste partida
Assim Clara era feliz
Pois o amor é quem diz
Como curar a ferida.
Nos afazeres de casa
Ajudava suas irmãs
Nas folgas se enfeitava
De muitos balangandãs
E gostava de cantar
Ao alvorecer das manhãs.
Clara gostava de brincar
E não vivia sozinha
Amava suas bonecas
Grandes amigas que tinha
Em suas folgas brincava
Com a meninada vizinha.
E como brincava a pequena
Se deixasse, não tinha hora
Era soltar papagaio
Gangorrar no pé de amora
Montar a cavalo no pêlo
Sem usar sela ou espora.
3
Muito cedo despertou
Gosto pelo Kardecismo
Tinha vida recheada
De forte magnetismo
Eram manifestações
Dentro do espiritismo.
E Clara Francisca escutava
Vozes do tataravô
Do tempo do cativeiro
O grande Babalaô
- Você menina pois é:
Filha de Ogum com Xangô.
Na engrenagem da vida
Vive escondida a surpresa
Ninguém define seu caminho
Nada é certo nem certeza
E por causa de um sucedido
Clarinha se viu indefesa.
Seu namorado pois era
Gente da sociedade
Na fábrica de tecidos (em Paraopeba)
Era máxima autoridade
No, entretanto tinha fama
De mal visto na cidade.
4
A notícia chegou rápida
Em sua terra natal
Mataram seu namorado
Pra preservar sua moral
Clara decepcionada
Muda para a capital.
E lá vai a vida rodando
Empurrando o seu destino
Quem chama o fiel à igreja
São as repicagens do sino
A força que as coisas tem
São presságios do divino.
Tinha pouca experiência
No ramo da tecelagem
A Fábrica da Renascença *
Era a maior em tiragem
Segue Clara para lá
Muita fé em Yemanjá
Com a cara e a coragem.
A vida passada a limpo
Uma nova situação
Trabalhar para o sustento
Cumprir ordem do patrão
Tudo aquilo para Clara
Transmutava uma canção.
5
E assim Clara se empregou
Na fábrica de tecidos
Ainda muito recente
Com os sentimentos doídos
E os apitos da tecelagem
Ferindo os seus ouvidos
Viu-se cair na rotina
O que jamais ela queria
Pois cantar era seu dom
E de certo isto faria
Forças vindas do distante
Toda hora ela sentia.
Problemas familiares
Deixavam-na transtornada
Mesmo assim Clara encontrava
Força tamanha e encantada
Em continuar trabalhando
E viver sempre sonhando
Em ser cantora afamada.
E foi no coral da igreja
Que teve oportunidade
Em mostrar a bela voz
Naquela localidade
Cantou como um rouxinol
E com naturalidade.
6
Esta data representou
Um salto para o futuro
E uma luz no fim do túnel
Fez clarear o escuro
Clara viu naquela hora
Gosto do fruto maduro
Recebe de bate pronto
Um convite salutar
E na Rádio Inconfidência
Já poderia a cantar
As portas da felicidade
Deu sinal pra não fechar.
E lá vai a vida prosseguindo
O seu natural percurso
Clara muito obstinada
Mesmo com pouco recurso
Vence “A VOZ DE OURO ABC” *
O concorrido concurso.
Logo então a mineirinha
Ver subir sua moral
Cantando em casas noturnas
No centro da Capital
Muito rápido viu chegar
A projeção nacional.
7
Logo assim um bom amigo
Do balaio jornalístico
A propõe mudar de nome
Para que seja mais artístico
Muda para Clara Nunes
Nome forte e muito místico.
Olurum é quem governa
O Universo por inteiro
São Jorge que é Ogum
É quem manda no terreiro
Clara Nunes cai na vida
Com fé no seu padroeiro.
E lá vai a mineirinha
Rumo ao Rio de janeiro (1965)
Contratada pela Odeon
Sonhando em ver dinheiro
Boleros e sambas-canções
Músicas de seu roteiro.
Logo vem outro LP (1968)
“Você Passa Eu Acho Graça”
Grande sucesso de fato
Estourou por toda praça
Pois o samba era seu dom
Que de cabeça ela abraça.
8
E Clara Nunes pois era
Uma mulher incomum
Seu corpo comunicava
Era de quebrar o jejum
Sua voz emocionava
O seu perfume exalava
A beleza pura de Oxum.
Clara Nunes pelos palcos
Era de impressionar
Transmitia verdade
Possuía ímã no olhar
Era mesmo uma explosão
Tinha determinação
No começo do cantar.
Mulher de senso prático
E toda ela sincrética
Na Umbanda ou Candomblé
Carregava a mesma ética
No Católico ou Kadercismo
Mostrando seu sincretismo
Na mesma linha estética.
Com tamanhas qualidades
Esta sobrenatural
Clara ganha relevância
No cenário musical
Agrega ritmos populares
Frenquenta todos os lugares
Uma mulher sem igual.
9
Descobre sozinha que
Na vida não tem segredo
Caminhando para frente
É que vai perdendo o medo
Pois foi ela a primeira dama
A gravar sambas-enredo.
E temos Clara Nunes
Do Brasil, a voz mais bela
A sua grandeza a fez
Desfilar na passarela
Dando brilho colossal
No gigante carnaval
Lá na Escola da Portela.
A partir deste momento
No auge de sua carreira
Lança mais um elepê (1971)
Só com músicas de primeira
Clarinha torna-se então
Totalmente brasileira.
Em seguida veio o sucesso
Com o disco alvorecer (1974)
Mais de 500 mil cópias
Pôs-se rápido a vender
Foi a primeira brasileira
Esta conquista receber.
10
Clara Nunes fez de tudo
Com amor e serenidade
Subiu no palco com brilho
Sem pecado ou vaidade
Inaugurou um teatro
De sua propriedade.
Viajou pelo mundo afora
Influenciou gerações
Transitava sem preconceito
Em todas religiões
Sabemos que neste mundo
Não há segundo sem primeiro
Clara Nunes na caçada
Com seu tiro bem certeiro
Realiza o casamento
Com Paulo César Pinheiro.
Um grande compositor
Um bruxo visionário
Um poeta de primeira
Um valente missionário
E junto com Clara vão
Rompendo o fuso-horário.
Naturalmente gravaram
Diversas composições
Os sambas foram parar
Em outras tantas nações
Sempre da mesma maneira:
Explodindo corações.
Clara Nunes foi portanto
Carismática e muito bela
O seu cantar parecia
Ser uma oração singela
Da terra subia ao Céu
Em formato de aquarela.
11
Clara Nunes fez de tudo
Com amor e serenidade
Subiu no palco com brilho
Sem pecado ou vaidade
Inaugurou um teatro
De sua propriedade.
Viajou pelo mundo afora
E por todas regiões
Transitou sem preconceito
Por todas religiões
Fez sorrir e fez chorar
Os mais puros corações.
A vida como sabemos
Nada mais é que surpresa
Clara Nunes num só segundo
Estava muda e indefesa
- Se a ceia estava servida
A uma pessoa tão querida
Por que tiraram a mesa?
Morrer acontece, sabemos
Toda morte deixa dor
Tão cedo Clara subiu
Para o Andar Superior
E por lá vive cantando
Junto de Nosso Senhor.
12
segunda-feira, 23 de julho de 2012
CORDEL PARA JORGE AMADO
Peço ao Senhor do Bonfim
A seus pés ajoelhado
Que deixai constantemente
Meu caminho iluminado
Para que possa escrever
Vida e obra de Jorge Amado.
A Bahia é um celeiro
De portento cabedal
É berço da capoeira
Candomblé e carnaval
E para o Brasil inteiro
Foi a primeira capital.
Terra de grandes artistas
Da música e literatura
Artes plásticas e cerâmicas
Cordel e xilogravura
Desde o tempo do barroco
Sempre na mesma postura.
CORDEL PARA JORGE AMADO
Autor Olegário Alfredo
Peço ao Senhor do Bonfim
A seus pés ajoelhado
Que deixai constantemente
Meu caminho iluminado
Para que possa escrever
Vida e obra de Jorge Amado.
A Bahia é um celeiro
De portento cabedal
É berço da capoeira
Candomblé e carnaval
E para o Brasil inteiro
Foi a primeira capital.
Terra de grandes artistas
Da música e literatura
Artes plásticas e cerâmicas
Cordel e xilogravura
Desde o tempo do barroco
Sempre na mesma postura.
Louvemos Jorge Amado
Grande escritor por inteiro
Soube bem representar
O dia-a-dia corriqueiro
Sendo um bom regionalista
Do baiano brasileiro.
1
Quem visita Salvador
Fica todo deslumbrado
A riqueza arquitetônica
Não há nada comparado
Numa delas é que fica
A "Casa de Jorge Amado".
E toda obra deste artista
Nesta casa está guardada
É uma casa magnífica
Precisa ser visitada
A magia de Jorge Amado
Pra Nação foi proclamada.
Jorge Amado de Farias
Dia 10 de agosto nasceu
Na cidade de Itabuna
E em Ilhéus ele crescer
Ainda muito pequeno
Escrever ele aprendeu.
Foi filho de João Amado
E dona Eulália Leal
O menino baianês
Angoleiro Regional
Seu carisma se espalhou
Muito além da capital.
2
Teve infância de moleque
Em Ilhéus terra baiana
Vivendo à beira do cais
Vendo a vida cotidiana
De quem vive pela terra
Pelo mar ou pela serra
Feito tradição cigana.
Jorge Amado um ser humano
Realista e sonhador
Vivia transitando
Em Ilhéus e Salvador
Duas cidades recheadas
De magia, mistério e amor.
Tendo somente quinze anos
No jornalismo inicia
Publicando suas matérias
No “Diário da Bahia”
Demonstrando qualidades
Nos artigos que escrevia.
Dando sinais de mudança
Da nossa literatura
Cria junto aos escritores
Demonstrando ruptura
A famosa “Academia
Dos Rebeldes” da Bahia.
Marco forte da cultura.
3
Em revistas de vanguarda
Foi um bom colaborador
“Momento e Meridiano”
Incomodava o leitor
Assim era Jorge Amado
Um polêmico inovador.
Formado em advocacia
Mas não quis seguir carreira
Via na literatura
Aliada companheira
Desta forma agradou
Toda nação brasileira.
A sua primeira mulher
Foi Matilde Garcia Rosa
Gerou uma garota linda
Lila, doce e formosa
Muito cedo faleceu
De maneira melindrosa.
Jorge Amado logo então
Veio a casar novamente
Zélia Gattai mulher linda
É que foi a pretendente
O João Jorge e Paloma
Seus filhos naturalmente.
4
No ano de trinta e um
Uma data sem igual
Escreve o primeiro livro
"O País do Carnaval"
Jorge Amado ver na frente
O campo internacional.
Jorge Amado passa a ter
Tempestade cerebral
Pois no ano trinta e três
Lança o romance "Cacau"
Trinta e quatro vem "Suor"
De forma bem natural.
O baianinho porreta
Docemente vagabundo
Descobriu no ser humano
O seu sentido profundo
Desta forma os seus livros
Se esparramam pelo mundo.
No ano de trinta e cinco
Com a bênção do orixá
Trazida dos ancestrais
Escreve o “Jubiabá”
Romance de cunho forte
Modernista vatapá.
5
Pelos anos 36
Com todo tomado corpo
Pela pura literatura
Observada no cais do porto
Nos apresenta a obra prima
Que foi o livro “Mar Morto”.
Peneirando o social
Em sua mágica bateia
Pelo dia ensolarado
Ou nas noites de lua cheia
Escreve o livro mais lindo
Que é o "Capitães de Areia"
Com vasta bibliografia
É mesmo de se admirar
Vou citando as consagradas
Pelo Brasil e além-mar
Jorge Amado, amado rei
Tão profundo e popular.
Temos "Farda e Fardão
Camisola de Dormir"
Livro de humor ferino
Para chora e sorrir
Da banalidade da elite
Que tem medo de cair.
6
E vem "Gabriela Cravo e
Canela" na passarela
O mundo inteiro assistiu
Livro que virou novela
Coronéis, jagunços e gringos
Todo mundo amante dela.
“Dona Flor, seus dois Maridos”
Escreve com maestria
Relatando com sabor
Vida besta da Bahia
Logo “Os Pastores da Noite”
Livro cheio de magia.
São livros atrás de livros
“Seara Vermelha” a dor
Da vida do retirante
Que foge do dissabor
Lá da “Terra do sem-fim”
Em busca do Salvador.
Viva “Tieta do Agreste”
Best seller à brasileira
Que em filme transformou
E em novela de primeira
Jorge Amado, bem amado
Figura tão prazenteira.
7
Olha a “Teresa Batista
Cansada de guerra” está
“A Morte e a Morte de Quincas
Berro D’Água, agora já
Um baianinho malandrinho
Do Ilê Axé do Opô Afonjá.
Lá na “Tenda dos Milagres”
Tem “Os velhos Marinheiros”
Com “O Compadre de Ogum”
Unidos aos cavalheiros
Quanto livro minha gente
Para todos os brasileiros.
Lá na “Tenda dos Milagres”
Tem “Os Velhos Marinheiros”
Com o “Compadre de Ogum
Unidos aos cavalheiros
Quanto livro minha gente
Para todos os brasileiros.
E dando prosseguimento
Com a proteção dos céus
Iutro livro vem chegando
Da terra dos mundaréus
O livro mais emblemático
O “São Jorge dos Ihéus”.
8
E no mundo da poesia
Jorge Amado soube entrar
Poemas de qualidades
Ele soube versejar
Um livreto muito raro
Que é “A Estrada do Mar”.
E também para os pequenos
Enveredou Jorge Amado
Foi um Infanto-juvenil
Com nome “O Gato Malhado
E a Andorinha Sinhá”
Livro feito e publicado.
O “ABC de Castro Alves”
Faz lembrar nosso cordel
Jorge Amado fez bem-feito
Esse registro no papel
O “Cavalheiro da Esperança”
Livro bom do menestrel.
E vem obras de memórias
Do garoto de Itabuna
“Navegação de Cabotagem”
Mas “O Menino Grapiúna”
Jorge Amado sempre firme
Pra vida não dá lacuna.
9
Escreveu crônicas e contos
Nosso baiano em questão
Uma peça de teatro
Aumentando a relação
De nome “O Amor do Soldado”
Peça rica de emoção.
Resolveu virar político
Antes de ser imortal
Desta feita se elegeu
Deputado Federal (1945)
Pode assim criar mais leis
No ambiente cultural.
No Governo de Getúlio
Foi pressão pra todo lado
Como era do PCB
Do Brasil foi exilado
Uruguai mais Argentina
França, Praga ou outro lugar
Sendo democratizado.
Foi membro da Academia
Brasileira de Letras, pois
Seu merecido lugar
Não quis deixar pra depois
Sabendo que a lei do mundo
Um mais um é sempre dois.
10
Muitos prêmios recebidos
Difícil relacionar
“Graça Aranha” e “Jabuti”
Aqui me ponho a citar
“Moinho Santista”, “Nestlé”
Outros mais no candomblé
Onde vivia a freqüentar.
“Sofia”, “Moinho Itália”
Prêmios vindos do estrangeiro
“Pablo Neruda”, “Camões”
Outros prêmios em dinheiro
Agora “Lênin da Paz”
Para o Jorge Brasileiro.
A sua obra foi traduzida
Dizem que pro mundo inteiro
Citar nomes dos países
É coisa pra viageiro
Jorge Amado foi pro mundo
Um escritor visioneiro.
Era bastante querido
Em centenas de cidades
Embora com muita fama
Vivia de simplicidades
Foi Doutor Honoris Causa
Em 10 universidades.
11
São traços de suas obras
De um Jorge politizado
Preocupado com o povo
Em todo seu fiel estado
Pescadores, marginais
Crianças e animais
Excluído e injustiçado.
Denunciou e combateu
As malignas corrupções
Amigo dos capoeiras
Cordelistas e artesões
Menores abandonados
Malandros e foliões.
Dizia ser materialista
Mas era cheio de fé
Freqüentava santuários
Glorificado de axé
Teve título de Oba Xangô
Na roda do candomblé.
Foi-se embora Jorge Amado
Para casa Grande do Pai
Na data de 6 agosto (2001)
Do pensamento não me sai
Hoje vive sentadinho
Perto de Zélia Gattai.
12
quinta-feira, 28 de junho de 2012
cordel para Jorge Amado
CORDEL PARA JORGE AMADO
Peço ao Senhor do Bonfim
A seus pés ajoelhado
Que deixai constantemente
Meu caminho iluminado
Para que possa escrever
Vida e obra de Jorge Amado.
A Bahia é um celeiro
De portento cabedal
É berço da capoeira
Candomblé e carnaval
E para o Brasil inteiro
Foi a primeira capital.
Terra de grandes artistas
Da música e literatura
Artes plásticas e cerâmicas
Cordel e xilogravura
Desde o tempo do barroco
Sempre na mesma postura.
Louvemos Jorge Amado
Grande escritor por inteiro
Soube bem representar
O dia-a-dia corriqueiro
Sendo um bom regionalista
Do baiano brasileiro.
1
Quem visita Salvador
Fica todo deslumbrado
A riqueza arquitetônica
Não há nada comparado
Numa delas é que fica
A "Casa de Jorge Amado".
E toda obra deste artista
Nesta casa está guardada
É uma casa magnífica
Precisa ser visitada
A magia de Jorge Amado
Pra Nação foi proclamada.
Jorge Amado de Farias
Dia 10 de agosto nasceu
Na cidade de Itabuna
E em Ilhéus ele crescer
Ainda muito pequeno
Escrever ele aprendeu.
Foi filho de João Amado
E dona Eulália Leal
O menino baianês
Angoleiro Regional
Seu carisma se espalhou
Muito além da capital.
2
Teve infância de moleque
Em Ilhéus terra baiana
Vivendo à beira do cais
Vendo a vida cotidiana
De quem vive pela terra
Pelo mar ou pela serra
Feito tradição cigana.
Jorge Amado um ser humano
Realista e sonhador
Vivia transitando
Em Ilhéus e Salvador
Duas cidades recheadas
De magia, mistério e amor.
Tendo somente quinze anos
No jornalismo inicia
Publicando suas matérias
No “Diário da Bahia”
Demonstrando qualidades
Nos artigos que escrevia.
Dando sinais de mudança
Da nossa literatura
Cria junto aos escritores
Demonstrando ruptura
A famosa “Academia
Dos Rebeldes” da Bahia.
Marco forte da cultura.
3
Em revistas de vanguarda
Foi um bom colaborador
“Momento e Meridiano”
Incomodava o leitor
Assim era Jorge Amado
Um polêmico inovador.
Formado em advocacia
Mas não quis seguir carreira
Via na literatura
Aliada companheira
Desta forma agradou
Toda nação brasileira.
A sua primeira mulher
Foi Matilde Garcia Rosa
Gerou uma garota linda
Lila, doce e formosa
Muito cedo faleceu
De maneira melindrosa.
Jorge Amado logo então
Veio a casar novamente
Zélia Gattai mulher linda
É que foi a pretendente
O João Jorge e Paloma
Seus filhos naturalmente.
4
No ano de trinta e um
Uma data sem igual
Escreve o primeiro livro
"O País do Carnaval"
Jorge Amado ver na frente
O campo internacional.
Jorge Amado passa a ter
Tempestade cerebral
Pois no ano trinta e três
Lança o romance "Cacau"
Trinta e quatro vem "Suor"
De forma bem natural.
O baianinho porreta
Docemente vagabundo
Descobriu no ser humano
O seu sentido profundo
Desta forma os seus livros
Se esparramam pelo mundo.
No ano de trinta e cinco
Com a bênção do orixá
Trazida dos ancestrais
Escreve o “Jubiabá”
Romance de cunho forte
Modernista vatapá.
5
Pelos anos 36
Com todo tomado corpo
Pela pura literatura
Observada no cais do porto
Nos apresenta a obra prima
Que foi o livro “Mar Morto”.
Peneirando o social
Em sua mágica bateia
Pelo dia ensolarado
Ou nas noites de lua cheia
Escreve o livro mais lindo
Que é o "Capitães de Areia"
Com vasta bibliografia
É mesmo de se admirar
Vou citando as consagradas
Pelo Brasil e além-mar
Jorge Amado, amado rei
Tão profundo e popular.
Temos "Farda e Fardão
Camisola de Dormir"
Livro de humor ferino
Para chora e sorrir
Da banalidade da elite
Que tem medo de cair.
6
E vem "Gabriela Cravo e
Canela" na passarela
O mundo inteiro assistiu
Livro que virou novela
Coronéis, jagunços e gringos
Todo mundo amante dela.
“Dona Flor, seus dois Maridos”
Escreve com maestria
Relatando com sabor
Vida besta da Bahia
Logo “Os Pastores da Noite”
Livro cheio de magia.
São livros atrás de livros
“Seara Vermelha” a dor
Da vida do retirante
Que foge do dissabor
Lá da “Terra do sem-fim”
Em busca do Salvador.
Viva “Tieta do Agreste”
Best seller à brasileira
Que em filme transformou
E em novela de primeira
Jorge Amado, bem amado
Figura tão prazenteira.
7
Olha a “Teresa Batista
Cansada de guerra” está
“A Morte e a Morte de Quincas
Berro D’Água, agora já
Um baianinho malandrinho
Do Ilê Axé do Opô Afonjá.
Lá na “Tenda dos Milagres”
Tem “Os velhos Marinheiros”
Com “O Compadre de Ogum”
Unidos aos cavalheiros
Quanto livro minha gente
Para todos os brasileiros.
Lá na “Tenda dos Milagres”
Tem “Os Velhos Marinheiros”
Com o “Compadre de Ogum
Unidos aos cavalheiros
Quanto livro minha gente
Para todos os brasileiros.
E dando prosseguimento
Com a proteção dos céus
Iutro livro vem chegando
Da terra dos mundaréus
O livro mais emblemático
O “São Jorge dos Ihéus”.
8
E no mundo da poesia
Jorge Amado soube entrar
Poemas de qualidades
Ele soube versejar
Um livreto muito raro
Que é “A Estrada do Mar”.
E também para os pequenos
Enveredou Jorge Amado
Foi um Infanto-juvenil
Com nome “O Gato Malhado
E a Andorinha Sinhá”
Livro feito e publicado.
O “ABC de Castro Alves”
Faz lembrar nosso cordel
Jorge Amado fez bem-feito
Esse registro no papel
O “Cavalheiro da Esperança”
Livro bom do menestrel.
E vem obras de memórias
Do garoto de Itabuna
“Navegação de Cabotagem”
Mas “O Menino Grapiúna”
Jorge Amado sempre firme
Pra vida não dá lacuna.
9
Escreveu crônicas e contos
Nosso baiano em questão
Uma peça de teatro
Aumentando a relação
De nome “O Amor do Soldado”
Peça rica de emoção.
Resolveu virar político
Antes de ser imortal
Desta feita se elegeu
Deputado Federal (1945)
Pode assim criar mais leis
No ambiente cultural.
No Governo de Getúlio
Foi pressão pra todo lado
Como era do PCB
Do Brasil foi exilado
Uruguai mais Argentina
França, Praga ou outro lugar
Sendo democratizado.
Foi membro da Academia
Brasileira de Letras, pois
Seu merecido lugar
Não quis deixar pra depois
Sabendo que a lei do mundo
Um mais um é sempre dois.
10
Muitos prêmios recebidos
Difícil relacionar
“Graça Aranha” e “Jabuti”
Aqui me ponho a citar
“Moinho Santista”, “Nestlé”
Outros mais no candomblé
Onde vivia a freqüentar.
“Sofia”, “Moinho Itália”
Prêmios vindos do estrangeiro
“Pablo Neruda”, “Camões”
Outros prêmios em dinheiro
Agora “Lênin da Paz”
Para o Jorge Brasileiro.
A sua obra foi traduzida
Dizem que pro mundo inteiro
Citar nomes dos países
É coisa pra viageiro
Jorge Amado foi pro mundo
Um escritor visioneiro.
Era bastante querido
Em centenas de cidades
Embora com muita fama
Vivia de simplicidades
Foi Doutor Honoris Causa
Em 10 universidades.
11
São traços de suas obras
De um Jorge politizado
Preocupado com o povo
Em todo seu fiel estado
Pescadores, marginais
Crianças e animais
Excluído e injustiçado.
Denunciou e combateu
As malignas corrupções
Amigo dos capoeiras
Cordelistas e artesões
Menores abandonados
Malandros e foliões.
Dizia ser materialista
Mas era cheio de fé
Freqüentava santuários
Glorificado de axé
Teve título de Oba Xangô
Na roda do candomblé.
Foi-se embora Jorge Amado
Para casa Grande do Pai
Na data de 6 agosto (2001)
Do pensamento não me sai
Hoje vive sentadinho
Perto de Zélia Gattai.
12
segunda-feira, 25 de junho de 2012
segunda-feira, 2 de abril de 2012
CORDÉIS MINEIROS
cordéis de minas
LEIA NESTE BLOG OS CORDÉIS:
CLUBE DA ESQUINA - SER MINEIRO, CELSO CUNHA e O MONSTRO DE ITAMARANDIBA
VISITE A:
Cordelteca Olegário Alfredo - Sabará -MG
A Cordelteca Olegário Alfredo (Mestre Gaio), está localizada na Cidade de Sabará-MG, nela se encontra um expressivo acervo de cordéis de vários autores do Brasil, com também matrizes de xilogravuras e livros sobre o assunto. Olegário Alfredo é Membro da ABLC - Academia Brasileira de Literatura e da ALTO – Academia de Letras de Teófilo Otoni. Com mais
De 100 títulos de cordéis publicados.
Veja a página: www.olegarioalfredo.com.br e o blog: www.cordeldeminas.blogspot.com
LEIA NESTE BLOG OS CORDÉIS:
CLUBE DA ESQUINA - SER MINEIRO, CELSO CUNHA e O MONSTRO DE ITAMARANDIBA
VISITE A:
Cordelteca Olegário Alfredo - Sabará -MG
A Cordelteca Olegário Alfredo (Mestre Gaio), está localizada na Cidade de Sabará-MG, nela se encontra um expressivo acervo de cordéis de vários autores do Brasil, com também matrizes de xilogravuras e livros sobre o assunto. Olegário Alfredo é Membro da ABLC - Academia Brasileira de Literatura e da ALTO – Academia de Letras de Teófilo Otoni. Com mais
De 100 títulos de cordéis publicados.
Veja a página: www.olegarioalfredo.com.br e o blog: www.cordeldeminas.blogspot.com
O Monstro de Itamarandiba
O MONSTRO DE ITAMARANDIBA
Autor: Olegário Alfredo – veja a página: www.olegarioalfredo.com.br
Vou contar para meu filho
Tudo que ouvi de meus pais
Assim com o passar do tempo
Não esqueceremos jamais.
O caso que vou contar
É mesmo de arrepiar
Desde nossos ancestrais.
Tem coisas por este mundo
Que existem de verdade
Não é folclore nem crendice
É pura veracidade
Pegue com Deus a rezar
E a maldade te livrar
Do mundo da crueldade.
Os monstros são criaturas
Vindos da imaginação
Povoam nossas cabeças
Conforme a superstição
Temos monstros populares
Visto por todos os lugares
Provocando assombração.
Há muitos anos atrás
No tempo da escravatura
Os casos eram contados
E não lidos na escritura
Tinha monstro horroroso
Grandalhão e pavoroso
E nada de formosura.
1
Existe um monstro medonho
De causar dor de barriga
Há muito tempo ele vive
Lá por Itamarandiba
O seu modo assustador
Causa espanto e causa horror
Quem zombar de sua vida.
Este monstro sempre é visto
No Vale Jequitinhonha
Ele é gordo feito porco
E de uma cara medonha
As crianças da região
Se dormir sem oração
Suam frio pela fronha.
Pois agora vou contar
Como surgiu este monstro
O seu modo de agir
A vocês logo demonstro
Quem for a Itamarandiba
Sem rezar reza comprida
Irá direto a seu encontro.
Conta-se que certa vez
Um ricaço fazendeiro
Desentendeu com o vigário
Por causa de bom dinheiro
O padre por natureza
Entendendo a safadeza
Deu uma de mandingueiro.
2
O fazendeiro abriu a boca
Maldizendo do vigário:
Você é gordo feito mula
Come até fora do horário.
Logo digo sem temer
Que o padreco também crer
É no dinheiro do operário.
Coitado do fazendeiro
Ao dizer o que não devia
Sua vida virou inferno
A partir daquele dia
Pois o vigário no ofício
Representa Jesus Cristo
No altar da sacristia.
Vou dizendo os sucedidos
Caso de monstruosidade
Cometidos pelo monstro
Pelas ruas da cidade
O monstro só quer vingar
Pondo logo a assustar
Todos da comunidade.
O vigário rancoroso
Disse para o fazendeiro:
Vou rogar-lhe uma praga
Bem pior que feiticeiro
- Comerás tudo pela frente
Calango, sapo e serpente
E sola de sapateiro.
3
E o vigário não parou
E mais praga foi jogando:
- Fazendeiro excomungado
O pior está lhe esperando
Se você quiser saber
De tão gordo vai morrer
Com a barriga estourando.
E no dia de seu enterro
Para puxar o caixão
Só com um carro de boi
De oito juntas pelo chão
E o corpo bem enterrado
Na Matriz do padre amado
Para não pedir perdão.
Pois lá dentro da igreja
O monstro não fugiria
O seu corpo lá enterrado
Muito guardado ficaria
De modo dessas razões
E o poder das orações
Da Matriz não sairia.
E o homenzarrão foi comendo
Foi comendo, foi comendo
E o seu corpo a cada dia
Foi crescendo foi crescendo
Comia tudo pela frente
Até fruta com semente
Pelo bucho ia descendo.
4
Contam o povo da cidade
Que primeiro devorou
Os mantimentos guardados
Que pela frente encontrou
Até jaca com o talo
Direto pro seu gargalo
O monstrengo empurrou.
O monstro também comeu
Todas frutas do quintal
As verduras lá da horta
Era o prato principal
Comeu tudo sem cheirar
E tão pouco examinar
Sem nada lhe fazer mal.
Em seguida comeu os bois
O cavalos e as galinhas
Porcos, burros e os cabritos
E até as ervas daninhas
E com tanta comilança
Já quase poucando a pança
Peidava enxofre e murrinha.
E não parou de comer
Comeu os bichos dos arredores
Veados, pacas e tatus
Comeu até bichos menores.
Os bichos chegando ao fim
Comeu cela, cabresto e capim
Comeu lama e trem piores.
5
Pesando mais de mil quilos
E rosnando feito cão
O monstro representava
O terror da região
Já pensando em comer gente
Espingolu-se de repente
Caiu morto pelo chão.
Para fazer o caixão
Tão grande e descomunal
Muitas toras de braúnas
Trouxeram para o local
E o corpo muito pesado
Para fora foi puxado
Com carro-de-boi real.
Quem for a Itamarandiba
Observe bem pelo chão
Verás as marcas da roda
Com tamanha perfeição
Que o carro-de-boi deixou
E o tempo nem apagou
O traço da maldição.
Com muita dificuldade
O enterraram na Matriz
Surgiram coisas medonhas
Na boca do diz-que-diz.
A população amistosa
E também religiosa
Foi sentindo se infeliz.
6
E coisas misteriosas
Começaram a acontecer
Rachaduras nas paredes
O fiel podia ver
Até o cabelo do bicho
O padre punha no lixo
Para ninguém perceber.
Ainda não faz muito tempo
Que a Matriz colonial
Fora toda destruída
Por um incêndio infernal
Só podia ser o Cão
Dando a sinalização
Que ele vive no local.
Ungido pelos poderes
Da Santa Cruz no altar
O frei jogava água benta
Para o monstro sossegar
Mesmo hoje na igreja ova
Esta cena se renova
Perante a qualquer olhar.
E o monstro não parou mais
De assustar a região
Havia defronte a igreja
Um pé de cedro fortão
Um dia sem novidade
Na rotina da cidade
O cedro pocou no chão.
7
Se o bicho sair da cova
Como reza a maldição
Comerás tudo pela frente
Até a sétima geração
Para livrar deste horror
Só água benta do Senhor
E com o poder da oração.
Até hoje ainda se vê
Saindo das rachaduras
Do assoalho da igreja
Formigada e tanajura
Diz o povo do lugar
Pra este monstro sossegar
Só mesmo com benzedura.
O monstro da região
Também tem companhia
A mulher de cinco metros
Ser sua prima ele dizia
Em noites de lua cheia
Pela igreja ela rodeia
Em busca de arrelia.
Vou contar para meu filho
Tudo que ouvi de meus pais
Assim com o passar do tempo
Não esqueceremos jamais
O caso que acaba assim
Vem do tempo do sem-fim
Lá de nossos ancestrais.
8
Autor: Olegário Alfredo – veja a página: www.olegarioalfredo.com.br
Vou contar para meu filho
Tudo que ouvi de meus pais
Assim com o passar do tempo
Não esqueceremos jamais.
O caso que vou contar
É mesmo de arrepiar
Desde nossos ancestrais.
Tem coisas por este mundo
Que existem de verdade
Não é folclore nem crendice
É pura veracidade
Pegue com Deus a rezar
E a maldade te livrar
Do mundo da crueldade.
Os monstros são criaturas
Vindos da imaginação
Povoam nossas cabeças
Conforme a superstição
Temos monstros populares
Visto por todos os lugares
Provocando assombração.
Há muitos anos atrás
No tempo da escravatura
Os casos eram contados
E não lidos na escritura
Tinha monstro horroroso
Grandalhão e pavoroso
E nada de formosura.
1
Existe um monstro medonho
De causar dor de barriga
Há muito tempo ele vive
Lá por Itamarandiba
O seu modo assustador
Causa espanto e causa horror
Quem zombar de sua vida.
Este monstro sempre é visto
No Vale Jequitinhonha
Ele é gordo feito porco
E de uma cara medonha
As crianças da região
Se dormir sem oração
Suam frio pela fronha.
Pois agora vou contar
Como surgiu este monstro
O seu modo de agir
A vocês logo demonstro
Quem for a Itamarandiba
Sem rezar reza comprida
Irá direto a seu encontro.
Conta-se que certa vez
Um ricaço fazendeiro
Desentendeu com o vigário
Por causa de bom dinheiro
O padre por natureza
Entendendo a safadeza
Deu uma de mandingueiro.
2
O fazendeiro abriu a boca
Maldizendo do vigário:
Você é gordo feito mula
Come até fora do horário.
Logo digo sem temer
Que o padreco também crer
É no dinheiro do operário.
Coitado do fazendeiro
Ao dizer o que não devia
Sua vida virou inferno
A partir daquele dia
Pois o vigário no ofício
Representa Jesus Cristo
No altar da sacristia.
Vou dizendo os sucedidos
Caso de monstruosidade
Cometidos pelo monstro
Pelas ruas da cidade
O monstro só quer vingar
Pondo logo a assustar
Todos da comunidade.
O vigário rancoroso
Disse para o fazendeiro:
Vou rogar-lhe uma praga
Bem pior que feiticeiro
- Comerás tudo pela frente
Calango, sapo e serpente
E sola de sapateiro.
3
E o vigário não parou
E mais praga foi jogando:
- Fazendeiro excomungado
O pior está lhe esperando
Se você quiser saber
De tão gordo vai morrer
Com a barriga estourando.
E no dia de seu enterro
Para puxar o caixão
Só com um carro de boi
De oito juntas pelo chão
E o corpo bem enterrado
Na Matriz do padre amado
Para não pedir perdão.
Pois lá dentro da igreja
O monstro não fugiria
O seu corpo lá enterrado
Muito guardado ficaria
De modo dessas razões
E o poder das orações
Da Matriz não sairia.
E o homenzarrão foi comendo
Foi comendo, foi comendo
E o seu corpo a cada dia
Foi crescendo foi crescendo
Comia tudo pela frente
Até fruta com semente
Pelo bucho ia descendo.
4
Contam o povo da cidade
Que primeiro devorou
Os mantimentos guardados
Que pela frente encontrou
Até jaca com o talo
Direto pro seu gargalo
O monstrengo empurrou.
O monstro também comeu
Todas frutas do quintal
As verduras lá da horta
Era o prato principal
Comeu tudo sem cheirar
E tão pouco examinar
Sem nada lhe fazer mal.
Em seguida comeu os bois
O cavalos e as galinhas
Porcos, burros e os cabritos
E até as ervas daninhas
E com tanta comilança
Já quase poucando a pança
Peidava enxofre e murrinha.
E não parou de comer
Comeu os bichos dos arredores
Veados, pacas e tatus
Comeu até bichos menores.
Os bichos chegando ao fim
Comeu cela, cabresto e capim
Comeu lama e trem piores.
5
Pesando mais de mil quilos
E rosnando feito cão
O monstro representava
O terror da região
Já pensando em comer gente
Espingolu-se de repente
Caiu morto pelo chão.
Para fazer o caixão
Tão grande e descomunal
Muitas toras de braúnas
Trouxeram para o local
E o corpo muito pesado
Para fora foi puxado
Com carro-de-boi real.
Quem for a Itamarandiba
Observe bem pelo chão
Verás as marcas da roda
Com tamanha perfeição
Que o carro-de-boi deixou
E o tempo nem apagou
O traço da maldição.
Com muita dificuldade
O enterraram na Matriz
Surgiram coisas medonhas
Na boca do diz-que-diz.
A população amistosa
E também religiosa
Foi sentindo se infeliz.
6
E coisas misteriosas
Começaram a acontecer
Rachaduras nas paredes
O fiel podia ver
Até o cabelo do bicho
O padre punha no lixo
Para ninguém perceber.
Ainda não faz muito tempo
Que a Matriz colonial
Fora toda destruída
Por um incêndio infernal
Só podia ser o Cão
Dando a sinalização
Que ele vive no local.
Ungido pelos poderes
Da Santa Cruz no altar
O frei jogava água benta
Para o monstro sossegar
Mesmo hoje na igreja ova
Esta cena se renova
Perante a qualquer olhar.
E o monstro não parou mais
De assustar a região
Havia defronte a igreja
Um pé de cedro fortão
Um dia sem novidade
Na rotina da cidade
O cedro pocou no chão.
7
Se o bicho sair da cova
Como reza a maldição
Comerás tudo pela frente
Até a sétima geração
Para livrar deste horror
Só água benta do Senhor
E com o poder da oração.
Até hoje ainda se vê
Saindo das rachaduras
Do assoalho da igreja
Formigada e tanajura
Diz o povo do lugar
Pra este monstro sossegar
Só mesmo com benzedura.
O monstro da região
Também tem companhia
A mulher de cinco metros
Ser sua prima ele dizia
Em noites de lua cheia
Pela igreja ela rodeia
Em busca de arrelia.
Vou contar para meu filho
Tudo que ouvi de meus pais
Assim com o passar do tempo
Não esqueceremos jamais
O caso que acaba assim
Vem do tempo do sem-fim
Lá de nossos ancestrais.
8
quinta-feira, 29 de março de 2012
cordéis de minas
LEIA NESTE BLOG OS CORDÉIS:
CLUBE DA ESQUINA - SER MINEIRO e CELSO CUNHA
VISITE A:
Cordelteca Olegário Alfredo - Sabará -MG
A Cordelteca Olegário Alfredo (Mestre Gaio), está localizada na Cidade de Sabará-MG, nela se encontra um expressivo acervo de cordéis de vários autores do Brasil, com também matrizes de xilogravuras e livros sobre o assunto. Olegário Alfredo é Membro da ABLC - Academia Brasileira de Literatura e da ALTO – Academia de Letras de Teófilo Otoni. Com mais
De 100 títulos de cordéis publicados.
Veja a página: www.olegarioalfredo.com.br e o blog: www.cordeldeminas.blogspot.com
CLUBE DA ESQUINA - SER MINEIRO e CELSO CUNHA
VISITE A:
Cordelteca Olegário Alfredo - Sabará -MG
A Cordelteca Olegário Alfredo (Mestre Gaio), está localizada na Cidade de Sabará-MG, nela se encontra um expressivo acervo de cordéis de vários autores do Brasil, com também matrizes de xilogravuras e livros sobre o assunto. Olegário Alfredo é Membro da ABLC - Academia Brasileira de Literatura e da ALTO – Academia de Letras de Teófilo Otoni. Com mais
De 100 títulos de cordéis publicados.
Veja a página: www.olegarioalfredo.com.br e o blog: www.cordeldeminas.blogspot.com
quarta-feira, 28 de março de 2012
Clube da Esquina em Cordel
O CLUBE DA ESQUINA
EM CORDEL
Autor: Olegário Alfredo (Mestre Gaio)
Membro da ABLC – Academia Brasileira de Literatura de Cordel e
ALTO – Academia de Letras de Teófilo Otoni-MG
Com o pensamento enlevado
Meu gênio poético atina
Para que possa escrever
O belo que a vida ensina
A trajetória vivida
E harmonia dividida
Pelo Clube da Esquina.
A nova década pela terra
De sessenta transcorria (1960)
No Brasil a ditadura
Desalento nos trazia
Só mesmo a juventude
Em sua inquietude
Nos despertava alegria.
Alguns músicos em Beagá
Sem nenhuma pretensão
Começaram a se encontrar
No início por diversão
Entre as ruas Divinópolis
Junto com Paraisópolis
Em busca de uma canção.
Um clube que não existiu
Mas todo mundo o conhece
Graças a mãe dos irmãos Borges
Este clube resplandece
No encontro de duas ruas
Onde brilham muitas luas
No bairro que não anoitece.
2
Canções que marcaram épocas
Com letras maravilhosas
Seus arranjos penetrantes
Pelas noites calorosas
Ecoavam pelos montes
Escorriam pelas fontes
Na Capital das Alterosas.
Jovens músicos com talentos
E distinta formação
Transitaram pela veia
De uma forte geração
Revolucionaram à cultura
Driblaram à Ditadura
Encantaram a Nação.
Foi um grupo que dobrou
A esquina de Beagá
E pelo mundo de meu Deus
Transpuseram, oxalá
Cantando pelo prazer
Viram o sonho acontecer
Por aqui como acolá.
Cada bairro ter seu grupo
Era prática natural
Os encontros do dia-a-dia
Um bendito ritual
Falar de música e poesia
Não fadava nostalgia
No curso da capital.
3
O que ficou para história
Tudo brotou duma esquina
Entre conversas políticas
E paquera de menina
Um grupo consolidado
E pelo mundo projetado
Como o Clube da Esquina.
Sobre o Clube da Esquina
Digo com sinceridade
Foi um clube imaginário
Dentro da mineiridade
Que surgiu sem pretensão
Por isso houve projeção
Pelo ciclo da amizade.
Sabemos que toda época
Traz seu tipo de linguagem
A poesia sempre vive
Em uma constante viagem
Transitando sem parar
Ocupando todo lugar
Não precisa de bagagem.
Neste Clube da Esquina
A poesia é cantada
Caminhando impressentida
E nunca inesperada
No tempo da escuridão
À cata do novo irmão
Rompendo o pó da estrada.
4
Quantos sócios deste Clube
Pelo mundo deve haver
Impossível de contar
Só quem sonha pode ver
Não existe noite escura
Que arrebata uma ternura
Sem que haja amanhecer.
Um Clube magnificante
E de forma singular
Onde os sócios dividiam
Solidão com o sonhar
Já a forma de expressão
Transmutada em canção
Sobressaía no cantar
Foi com Milton Nascimento
O ponta-pé inicial
Gravar um álbum duplo
Na época não era normal
Os empresários da Odeon
Apostando naquele tom
Pôs fé no potencial.
Para compor o projeto
Lô Borges foi convidado
Ainda bastante novo
Mas com talento aprumado
Disse Lô Borges: - Só vou
Milton tão logo aprovou
-Com Beto Guedes ao meu lado.
5
Assim foi que aconteceu
Como um tiro bem certeiro
Lô Borges e Beto Guedes
Lá no Rio de Janeiro
Morando com o Bituca
Todos com serena cuca
Agarrados no parceiro.
Mudaram pra Niterói
Lugar de tranqüilidade
Acharam paz para compor
Trabalho de qualidade
Visitas lá não faltavam
E os amigos só chegavam
Ampliando a irmandade.
Ronaldo Bastos presente
Como fiel escudeiro
Fernando Brant em Minas
Grande bardo mensageiro
Os cavalheiros no Rio
Formavam com muito brio
Um arquipélago mineiro.
Se diz do Márcio Borges
Mentor intelectual
Já o Milton Nascimento
Visioneiro mundial
União familiar
E que para prosperar
Se tornou fundamental.
6
Márcio Borges bom letrista
E de Milton o predileto
Desde os tempos do *Levy
Amigo dos mais seleto
Entre músicas e canções
Madrugadas e emoções
Irmão de fé e de afeto.
E com tanto reboliço
E também apreensão
Esses jovens se encontraram
Acertaram a solução
Lançar o Clube da Esquina
Carregado de adrenalina
E espalhar pela Nação.
Lançado em setenta e dois (1972)
O disco Clube da Esquina
Trazia como conteúdo
Qualidade e disciplina
Belas letras, nível alto
Flor que rompe o asfalto
Moçada que desatina.
O disco Clube da Esquina
Maravilha matinal
Considerado por todos
De vanguarda sem igual
Disco reverenciado
E de talento apurado
Pela música nacional.
7
A força do som de Minas
É de forma criativa
Canções puras que brotaram
Dentro da locomotiva
*Vera Cruz, ai que saudade
De um tempo sem idade
Tanta carga emotiva.
Um Clube que se formou
De maneira salutar
Melodias transcendentes
Mineirice secular
Viajando sobre o trilho
Matutando um estribilho
De Minas até o mar.
Temos no Clube da Esquina
Grande universalidade
Um clube de todo mundo
Entre os laços da amizade
Um pomar de muitos frutos
Rechaçado de tributos
Paz, amor e liberdade.
Gerações mais gerações
Quiçá pela vida inteira
Vão cantar pelas esquinas
Das cidades brasileiras
A toda herança herdada
Daquela rapaziada
Da doce terra mineira.
8
Músicas como o “Trem azul”
Um hino para o mineiro
Seguida de “San Vicente”
Verdadeiro cancioneiro
“Paisagem na Janela”
Junto com “Cravo e Canela”
“Trem de Doido” cantareiro.
Citando a bela canção
“Tudo que podia ser”
Seguida de “Cais e “Estrelas”
Só a “Lília” para ver
“Dos Cruces” “Um gosto de sol”
“Os povos” do arrebol
Também “Ao que vai nascer.”
“Um girassol da cor
do seu cabelo”” é capaz.
“Pelo amor de Deus” é bom
“Nuvem cigana” é demais
Nada será como antes”
Se não somos confiantes
Em nossa Minas Gerais.
Vem “Saídas e Bandeiras”
Número um e número dois
De novo “Clube da Esquina”
“Me deixa em paz” vem depois
Músicas que extrapolaram
E tão longe lá chegaram
De aviões ou carro-de-bois.
9
Todos do Clube da Esquina
Louvo com sinceridade
Beto Guedes e Lô Borges
Venturini de verdade
Logo vem Toninho Horta
Nos arranjos entrecorta
Batida de qualidade.
O poeta Márcio Borges
De grande conhecimento
Fernando Brant em parceria
Com o Milton Nascimento
Ronaldo Bastos carioca
Com Tavinho também toca
Dando o enriquecimento.
Tantos outros componentes
Neste imenso carretel
Wagner Tiso por exemplo
Coloriu este painel
Nesta minha louvação
Na canção do coração
Continuo no cordel.
Na sombra do grande Clube
Projetava o Clubinho
Os mais novos na escola
Depois som no cavaquinho
Melodias nascituras
Em pequenas criaturas
Iluminavam o caminho.
10
Peladas e bola de gude
E os Beatles na vitrola
Nico, Telo com Yé
Ouvidos finos na viola
De quebrada a Solange
Voz feminina que tange
Os jovens da corriola.
E circulavam na esquina
Amauri com João Luiz
Sônia e Tiú-Rastejante
Vem Zé Grandão, ora que diz:
- Felicidade na vida
Pra Landinha tão querida
Que só pensa em ser feliz.
Surge o Beto-Ronca-Ferro
E o Alan com o Reinaldo
Joãozinho Tiú-das-Trevas
Dá-lhe música com respaldo
A Vânia por sua vez
Repleta de sensatez
No Clube engrossa o caldo.
E assim com o viver
Vai-se o tempo pela estrada
A saudade silencia
Em uma música bem tocada
O crescer é tão normal
Nesta vida desigual
Para tão breve jornada.
11
Fim
Grande Mestre Gaio: capoeirista,
Cordelista. Artista múltipl de talento
Raro, alma sensível e generosa.
Com satisfação leio e releio seu novo
Cordel homenageando o Clube que vi
Nascer nas ruas de Santa Teresa. Belo
Trabalho. Parabéns, o Clube agradece.
Yé Borges
Olegário, Semp re assim, de sensibi-
lidade alva. Basta observar sua maneira
de ver o mundo, lendo seus livros e
cordéis que vamos de encontro ao mais
puro de sua alma. Sempre Gaio.
Gina Borges
Autora de Literatura Infantil e
Empreendedora Cultural.
12
EM CORDEL
Autor: Olegário Alfredo (Mestre Gaio)
Membro da ABLC – Academia Brasileira de Literatura de Cordel e
ALTO – Academia de Letras de Teófilo Otoni-MG
Com o pensamento enlevado
Meu gênio poético atina
Para que possa escrever
O belo que a vida ensina
A trajetória vivida
E harmonia dividida
Pelo Clube da Esquina.
A nova década pela terra
De sessenta transcorria (1960)
No Brasil a ditadura
Desalento nos trazia
Só mesmo a juventude
Em sua inquietude
Nos despertava alegria.
Alguns músicos em Beagá
Sem nenhuma pretensão
Começaram a se encontrar
No início por diversão
Entre as ruas Divinópolis
Junto com Paraisópolis
Em busca de uma canção.
Um clube que não existiu
Mas todo mundo o conhece
Graças a mãe dos irmãos Borges
Este clube resplandece
No encontro de duas ruas
Onde brilham muitas luas
No bairro que não anoitece.
2
Canções que marcaram épocas
Com letras maravilhosas
Seus arranjos penetrantes
Pelas noites calorosas
Ecoavam pelos montes
Escorriam pelas fontes
Na Capital das Alterosas.
Jovens músicos com talentos
E distinta formação
Transitaram pela veia
De uma forte geração
Revolucionaram à cultura
Driblaram à Ditadura
Encantaram a Nação.
Foi um grupo que dobrou
A esquina de Beagá
E pelo mundo de meu Deus
Transpuseram, oxalá
Cantando pelo prazer
Viram o sonho acontecer
Por aqui como acolá.
Cada bairro ter seu grupo
Era prática natural
Os encontros do dia-a-dia
Um bendito ritual
Falar de música e poesia
Não fadava nostalgia
No curso da capital.
3
O que ficou para história
Tudo brotou duma esquina
Entre conversas políticas
E paquera de menina
Um grupo consolidado
E pelo mundo projetado
Como o Clube da Esquina.
Sobre o Clube da Esquina
Digo com sinceridade
Foi um clube imaginário
Dentro da mineiridade
Que surgiu sem pretensão
Por isso houve projeção
Pelo ciclo da amizade.
Sabemos que toda época
Traz seu tipo de linguagem
A poesia sempre vive
Em uma constante viagem
Transitando sem parar
Ocupando todo lugar
Não precisa de bagagem.
Neste Clube da Esquina
A poesia é cantada
Caminhando impressentida
E nunca inesperada
No tempo da escuridão
À cata do novo irmão
Rompendo o pó da estrada.
4
Quantos sócios deste Clube
Pelo mundo deve haver
Impossível de contar
Só quem sonha pode ver
Não existe noite escura
Que arrebata uma ternura
Sem que haja amanhecer.
Um Clube magnificante
E de forma singular
Onde os sócios dividiam
Solidão com o sonhar
Já a forma de expressão
Transmutada em canção
Sobressaía no cantar
Foi com Milton Nascimento
O ponta-pé inicial
Gravar um álbum duplo
Na época não era normal
Os empresários da Odeon
Apostando naquele tom
Pôs fé no potencial.
Para compor o projeto
Lô Borges foi convidado
Ainda bastante novo
Mas com talento aprumado
Disse Lô Borges: - Só vou
Milton tão logo aprovou
-Com Beto Guedes ao meu lado.
5
Assim foi que aconteceu
Como um tiro bem certeiro
Lô Borges e Beto Guedes
Lá no Rio de Janeiro
Morando com o Bituca
Todos com serena cuca
Agarrados no parceiro.
Mudaram pra Niterói
Lugar de tranqüilidade
Acharam paz para compor
Trabalho de qualidade
Visitas lá não faltavam
E os amigos só chegavam
Ampliando a irmandade.
Ronaldo Bastos presente
Como fiel escudeiro
Fernando Brant em Minas
Grande bardo mensageiro
Os cavalheiros no Rio
Formavam com muito brio
Um arquipélago mineiro.
Se diz do Márcio Borges
Mentor intelectual
Já o Milton Nascimento
Visioneiro mundial
União familiar
E que para prosperar
Se tornou fundamental.
6
Márcio Borges bom letrista
E de Milton o predileto
Desde os tempos do *Levy
Amigo dos mais seleto
Entre músicas e canções
Madrugadas e emoções
Irmão de fé e de afeto.
E com tanto reboliço
E também apreensão
Esses jovens se encontraram
Acertaram a solução
Lançar o Clube da Esquina
Carregado de adrenalina
E espalhar pela Nação.
Lançado em setenta e dois (1972)
O disco Clube da Esquina
Trazia como conteúdo
Qualidade e disciplina
Belas letras, nível alto
Flor que rompe o asfalto
Moçada que desatina.
O disco Clube da Esquina
Maravilha matinal
Considerado por todos
De vanguarda sem igual
Disco reverenciado
E de talento apurado
Pela música nacional.
7
A força do som de Minas
É de forma criativa
Canções puras que brotaram
Dentro da locomotiva
*Vera Cruz, ai que saudade
De um tempo sem idade
Tanta carga emotiva.
Um Clube que se formou
De maneira salutar
Melodias transcendentes
Mineirice secular
Viajando sobre o trilho
Matutando um estribilho
De Minas até o mar.
Temos no Clube da Esquina
Grande universalidade
Um clube de todo mundo
Entre os laços da amizade
Um pomar de muitos frutos
Rechaçado de tributos
Paz, amor e liberdade.
Gerações mais gerações
Quiçá pela vida inteira
Vão cantar pelas esquinas
Das cidades brasileiras
A toda herança herdada
Daquela rapaziada
Da doce terra mineira.
8
Músicas como o “Trem azul”
Um hino para o mineiro
Seguida de “San Vicente”
Verdadeiro cancioneiro
“Paisagem na Janela”
Junto com “Cravo e Canela”
“Trem de Doido” cantareiro.
Citando a bela canção
“Tudo que podia ser”
Seguida de “Cais e “Estrelas”
Só a “Lília” para ver
“Dos Cruces” “Um gosto de sol”
“Os povos” do arrebol
Também “Ao que vai nascer.”
“Um girassol da cor
do seu cabelo”” é capaz.
“Pelo amor de Deus” é bom
“Nuvem cigana” é demais
Nada será como antes”
Se não somos confiantes
Em nossa Minas Gerais.
Vem “Saídas e Bandeiras”
Número um e número dois
De novo “Clube da Esquina”
“Me deixa em paz” vem depois
Músicas que extrapolaram
E tão longe lá chegaram
De aviões ou carro-de-bois.
9
Todos do Clube da Esquina
Louvo com sinceridade
Beto Guedes e Lô Borges
Venturini de verdade
Logo vem Toninho Horta
Nos arranjos entrecorta
Batida de qualidade.
O poeta Márcio Borges
De grande conhecimento
Fernando Brant em parceria
Com o Milton Nascimento
Ronaldo Bastos carioca
Com Tavinho também toca
Dando o enriquecimento.
Tantos outros componentes
Neste imenso carretel
Wagner Tiso por exemplo
Coloriu este painel
Nesta minha louvação
Na canção do coração
Continuo no cordel.
Na sombra do grande Clube
Projetava o Clubinho
Os mais novos na escola
Depois som no cavaquinho
Melodias nascituras
Em pequenas criaturas
Iluminavam o caminho.
10
Peladas e bola de gude
E os Beatles na vitrola
Nico, Telo com Yé
Ouvidos finos na viola
De quebrada a Solange
Voz feminina que tange
Os jovens da corriola.
E circulavam na esquina
Amauri com João Luiz
Sônia e Tiú-Rastejante
Vem Zé Grandão, ora que diz:
- Felicidade na vida
Pra Landinha tão querida
Que só pensa em ser feliz.
Surge o Beto-Ronca-Ferro
E o Alan com o Reinaldo
Joãozinho Tiú-das-Trevas
Dá-lhe música com respaldo
A Vânia por sua vez
Repleta de sensatez
No Clube engrossa o caldo.
E assim com o viver
Vai-se o tempo pela estrada
A saudade silencia
Em uma música bem tocada
O crescer é tão normal
Nesta vida desigual
Para tão breve jornada.
11
Fim
Grande Mestre Gaio: capoeirista,
Cordelista. Artista múltipl de talento
Raro, alma sensível e generosa.
Com satisfação leio e releio seu novo
Cordel homenageando o Clube que vi
Nascer nas ruas de Santa Teresa. Belo
Trabalho. Parabéns, o Clube agradece.
Yé Borges
Olegário, Semp re assim, de sensibi-
lidade alva. Basta observar sua maneira
de ver o mundo, lendo seus livros e
cordéis que vamos de encontro ao mais
puro de sua alma. Sempre Gaio.
Gina Borges
Autora de Literatura Infantil e
Empreendedora Cultural.
12
cordel ser mineiro
Autor: Olegário Alfredo (Mestre Gaio)
Membro da ABLC Academia Brasileira de
Literatura de Cordel
e ALTO Academia de Letras de Teófilo Otoni
CORDEL SER MINEIRO
Dizem que Minas são muitas
Vivendo no mesmo Estado
Norte, sul leste e oeste
Mineiro por todo lado
De costumes diferentes
Cada qual com seu ditado.
Por isso que vou falar
Como é que é o mineiro
Circunspecto, democrata
Cordial e prazenteiro
Rodeado de montanha
Difere do brasileiro.
Vem de seus antepassados
O tudo que lhe convém
O povo todo conhece
Ao falar se sente bem
Qualquer coisa pro mineiro
É conhecida como trem.
Ser mineiro por inteiro
É não dizer o que faz
E nem o que vai fazer
Sabendo que é capaz
Mesmo em tempo de guerra
O mineiro vê a paz.
1
Fala pouco escuta muito
O mineiro que é da gema
Finge que não sabe nada
Desvendando um teorema
Mantém calmo e sereno
Ante de qualquer problema.
Mineiro finge de bobo
Mais é muito inteligente
Vende queijo no mercado
Esconde ser presidente
De banco que tem dinheiro
Diante de nossa frente.
Um bom mineiro dos “bão”
Não laça boi com embira
Não dá rasteira no vento
Nunca perde na catira
E não desvia a atenção
da presa que tem na mira.
Dizem que todo mineiro
É um ser desconfiado
Simples e religioso
Conservador e educado
Tem prudência é cauteloso
Precavido e ajuizado.
2
Pois a arte de ser mineiro
Sobrevive em todos nós
Conhece um rio por inteiro
Da nascente até a foz
Nunca veste uma calça
Sem antes saber do cós.
Gosta de fazer política
E apreciar uma mulher
Sabe o que alimentar
Traça tudo que vier
Levando a vida na manha
Mineiro chega aonde quer.
O mineiro de verdade
Sabemos que não hesita
Gosta bem de pão de queijo
E de receber visita
Vive de sentir saudade
Quando o peito lhe palpita.
Mineiro gosta de praia
E se diverte pra valer
Mas não troca um friozinho
Que vem do amanhecer
De sua cidadezinha
De onde leva o seu viver.
3
Adorar um futebol
É outra coisa do mineiro
Em qualquer canto de bar
Discute com o companheiro
Quem será o campeão
Se o Galo ou o Cruzeiro.
Acordar bem humorado
É sua profissão de fé
Cinco horas da manhã
O mineiro está de pé
Bota água pra ferver
Que é pra coar café.
Mesmo sendo um domingo
Mineiro não tem preguiça
Chama os filhos e a mulher
E vão todos para a missa
Depois todos vão comer
Pão de queijo com linguiça.
Almoço fim de semana
Quase sempre é diferente
O mineiro gosta sempre
De tomar uma aguardente
Para abrir o apetite
Refrescar um pouco a mente.
4
A comida do mineiro
É de prato variado
Um franguinho caipira
Com angu e com quiabo
Cansanção e ora-pro nóbis
Com um bom leitão assado.
Depois vem de sobremesa
A goiabada cascão
Um queijinho bem curado
Que se pega com a mão
Cafezinho bão da hora
Completando a refeição.
Mineiro do interior
Na venda compra fiado
Ele mesmo é quem anota
O tudo que foi comprado
O dono não se preocupa
Em ficar desconfiado.
Mineiro quando vacila
Escorrega mais não cai
Gosta de entrar por baixo
Para ver como que sai
Quando está embaraçado
Tranquilamente diz: UAI.
5
Mineiro gosta também
É de criar um passarinho
Um canário na gaiola
A trinar um miudinho
Faz com que o seu dono
Nunca sinta se sozinho.
O mineiro prevenido
Nunca sai sem agasalho
Prefere o mesmo caminho
Desconfiando do atalho
Sabe que da árvore velha
Pode se quebrar um galho.
Mineiro sabe escutar
Música de qualidade
Uma seresta com chorinho
Só lhe traz felicidade
Curte um rock diferente
O mineiro da cidade.
O lema do bom mineiro
É amar a liberdade
Praticar cidadania
Por prazer e dignidade
Mantém sempre a porta aberta
Para a hospitalidade.
6
É comum na mineirice
Não tolerar desacato
Lê jornal todos os dia
Pra ficar dentro do fato
Sabe com antecedência
Quem que vai pagar o pato.
Mineiro quando tem raiva
Sente dor pela barriga
Dá um boi de garantia
Para não entrar na intriga
Mas também dá uma boiada
Para não sair da briga.
Com estranhos o mineiro
A conversa não estica
Só sente a dor na pele
Quando alguém lhe belisca
Educação e gentileza
Sabe bem como pratica.
Só acredita na fumaça
Se ver o fogo de perto
E sabe como ninguém
Tirar água do deserto
Finge de ser bobalhão
mas no fundo é esperto.
7
Em trato de decisão
Só arrisca com certeza
Compreende com razão
Que beleza não põe mesa
E das mulheres compreende
Que Regina não é Teresa.
Ser mineiro também digo
É ter marca registrada
É saber falar “UAI”
Diante da namorada
Completar maioridade
Já com o pé pela estrada.
Ser mineiro é ter pureza
Ter coragem e bravura
Gostar de “causo” e história
Esta é sua postura
É ter espalhado na estante
Livros de literatura.
Mineiro levanta cedo
Pra ver o nascer do sol
Adora ver as crianças
A jogar o futebol
De tardinha gosta muito
De curtir o arrebol.
8
Mineiro na mineirice
Leva prosa de doutor
É um ser religioso
E também inovador
Gosta de subir montanhas
E ter vida interior.
O mineiro também sabe
Ser poeta e literato
Manha e manemolência
Ele aprende com o gato
E sabe que a cobra brava
Só rasteja pelo mato.
Conhece muito o mineiro
Os ditados populares
Provérbios, anexins
Também coisas seculares
O saber de ser mineiro
É amar todos lugares.
Ser mineiro ainda falo
É ter a sabedoria
Simplicidade e modéstia
É sua especiaria
Em qualquer canto em que está
Transmite logo alegria.
9
Muito mais sobre o mineiro
Eu digo logo a vocês
Gosta de dar um desconto
Pra não perder o freguês
Da galinha colhe os ovos
Deixando um para um indez.
O mineiro também sabe
Não olhar diretamente
Finge não dar atenção
Agindo sabiamente
Diz sempre muito obrigado
E se mostrando sorridente.
O sentido do mineiro
É fazer de um fracasso
O espírito da vitória
Dentro do mesmo compasso
Sem perder motivação
No ritmo do mesmo passo.
Mineiro dono do “Uai”
De sotaque natural
Fala baixo escuta muito
Preservando a moral
Não é santo de pau oco
E nem é cara de pau.
10
O mineiro mineirando
Gosta mesmo de mercado
Não despreza uma rabada
Não escorrega no molhado
Come tudo que vier
Pois comer não é pecado.
O mineiro não perde o trem
Nem diz que trem vai pegar
Um trem bom é qualquer coisa
Pra se ver ou mastigar
Trem ou troço tem bastante
Não precisa procurar.
O mineiro quando morre
Por todos é consolado
Morrer é acontecimento
Ninguém de fato é poupado
Já disse Guimarães Rosa:
- Não morreu, ficou encantado.
Despeço-me deste cordel
Com saudações cordiais
Quem conheceu este Estado
Não o esquecerá jamais
Salve todos os mineiros
E salve Minas Gerais.
11
Mineiro também eu digo
É ser especialista
Paquerar uma mulher
Com sutileza dum artista
Dize pouco de si próprio
Mesmo que a jovem insista.
Minas Gerais também é
Terra da bela mineira
Sobretudo inteligente
Peremptória e faceira
Se bobear ela sabe
Levar água na peneira.
Em Minas também cultiva
Uma viola caipira
Uma congada de primeira
Como também uma catira
Uma folia pra dançar
Se o turista interessar
Venha cá e logo confira.
Não podemos esquecer
Do mineiro em romaria
Ele frequenta festa santa
Para alegrar o seu dia
E na hora de dormir
Sabe rezar Ave-Maria.
12
Fim
Membro da ABLC Academia Brasileira de
Literatura de Cordel
e ALTO Academia de Letras de Teófilo Otoni
CORDEL SER MINEIRO
Dizem que Minas são muitas
Vivendo no mesmo Estado
Norte, sul leste e oeste
Mineiro por todo lado
De costumes diferentes
Cada qual com seu ditado.
Por isso que vou falar
Como é que é o mineiro
Circunspecto, democrata
Cordial e prazenteiro
Rodeado de montanha
Difere do brasileiro.
Vem de seus antepassados
O tudo que lhe convém
O povo todo conhece
Ao falar se sente bem
Qualquer coisa pro mineiro
É conhecida como trem.
Ser mineiro por inteiro
É não dizer o que faz
E nem o que vai fazer
Sabendo que é capaz
Mesmo em tempo de guerra
O mineiro vê a paz.
1
Fala pouco escuta muito
O mineiro que é da gema
Finge que não sabe nada
Desvendando um teorema
Mantém calmo e sereno
Ante de qualquer problema.
Mineiro finge de bobo
Mais é muito inteligente
Vende queijo no mercado
Esconde ser presidente
De banco que tem dinheiro
Diante de nossa frente.
Um bom mineiro dos “bão”
Não laça boi com embira
Não dá rasteira no vento
Nunca perde na catira
E não desvia a atenção
da presa que tem na mira.
Dizem que todo mineiro
É um ser desconfiado
Simples e religioso
Conservador e educado
Tem prudência é cauteloso
Precavido e ajuizado.
2
Pois a arte de ser mineiro
Sobrevive em todos nós
Conhece um rio por inteiro
Da nascente até a foz
Nunca veste uma calça
Sem antes saber do cós.
Gosta de fazer política
E apreciar uma mulher
Sabe o que alimentar
Traça tudo que vier
Levando a vida na manha
Mineiro chega aonde quer.
O mineiro de verdade
Sabemos que não hesita
Gosta bem de pão de queijo
E de receber visita
Vive de sentir saudade
Quando o peito lhe palpita.
Mineiro gosta de praia
E se diverte pra valer
Mas não troca um friozinho
Que vem do amanhecer
De sua cidadezinha
De onde leva o seu viver.
3
Adorar um futebol
É outra coisa do mineiro
Em qualquer canto de bar
Discute com o companheiro
Quem será o campeão
Se o Galo ou o Cruzeiro.
Acordar bem humorado
É sua profissão de fé
Cinco horas da manhã
O mineiro está de pé
Bota água pra ferver
Que é pra coar café.
Mesmo sendo um domingo
Mineiro não tem preguiça
Chama os filhos e a mulher
E vão todos para a missa
Depois todos vão comer
Pão de queijo com linguiça.
Almoço fim de semana
Quase sempre é diferente
O mineiro gosta sempre
De tomar uma aguardente
Para abrir o apetite
Refrescar um pouco a mente.
4
A comida do mineiro
É de prato variado
Um franguinho caipira
Com angu e com quiabo
Cansanção e ora-pro nóbis
Com um bom leitão assado.
Depois vem de sobremesa
A goiabada cascão
Um queijinho bem curado
Que se pega com a mão
Cafezinho bão da hora
Completando a refeição.
Mineiro do interior
Na venda compra fiado
Ele mesmo é quem anota
O tudo que foi comprado
O dono não se preocupa
Em ficar desconfiado.
Mineiro quando vacila
Escorrega mais não cai
Gosta de entrar por baixo
Para ver como que sai
Quando está embaraçado
Tranquilamente diz: UAI.
5
Mineiro gosta também
É de criar um passarinho
Um canário na gaiola
A trinar um miudinho
Faz com que o seu dono
Nunca sinta se sozinho.
O mineiro prevenido
Nunca sai sem agasalho
Prefere o mesmo caminho
Desconfiando do atalho
Sabe que da árvore velha
Pode se quebrar um galho.
Mineiro sabe escutar
Música de qualidade
Uma seresta com chorinho
Só lhe traz felicidade
Curte um rock diferente
O mineiro da cidade.
O lema do bom mineiro
É amar a liberdade
Praticar cidadania
Por prazer e dignidade
Mantém sempre a porta aberta
Para a hospitalidade.
6
É comum na mineirice
Não tolerar desacato
Lê jornal todos os dia
Pra ficar dentro do fato
Sabe com antecedência
Quem que vai pagar o pato.
Mineiro quando tem raiva
Sente dor pela barriga
Dá um boi de garantia
Para não entrar na intriga
Mas também dá uma boiada
Para não sair da briga.
Com estranhos o mineiro
A conversa não estica
Só sente a dor na pele
Quando alguém lhe belisca
Educação e gentileza
Sabe bem como pratica.
Só acredita na fumaça
Se ver o fogo de perto
E sabe como ninguém
Tirar água do deserto
Finge de ser bobalhão
mas no fundo é esperto.
7
Em trato de decisão
Só arrisca com certeza
Compreende com razão
Que beleza não põe mesa
E das mulheres compreende
Que Regina não é Teresa.
Ser mineiro também digo
É ter marca registrada
É saber falar “UAI”
Diante da namorada
Completar maioridade
Já com o pé pela estrada.
Ser mineiro é ter pureza
Ter coragem e bravura
Gostar de “causo” e história
Esta é sua postura
É ter espalhado na estante
Livros de literatura.
Mineiro levanta cedo
Pra ver o nascer do sol
Adora ver as crianças
A jogar o futebol
De tardinha gosta muito
De curtir o arrebol.
8
Mineiro na mineirice
Leva prosa de doutor
É um ser religioso
E também inovador
Gosta de subir montanhas
E ter vida interior.
O mineiro também sabe
Ser poeta e literato
Manha e manemolência
Ele aprende com o gato
E sabe que a cobra brava
Só rasteja pelo mato.
Conhece muito o mineiro
Os ditados populares
Provérbios, anexins
Também coisas seculares
O saber de ser mineiro
É amar todos lugares.
Ser mineiro ainda falo
É ter a sabedoria
Simplicidade e modéstia
É sua especiaria
Em qualquer canto em que está
Transmite logo alegria.
9
Muito mais sobre o mineiro
Eu digo logo a vocês
Gosta de dar um desconto
Pra não perder o freguês
Da galinha colhe os ovos
Deixando um para um indez.
O mineiro também sabe
Não olhar diretamente
Finge não dar atenção
Agindo sabiamente
Diz sempre muito obrigado
E se mostrando sorridente.
O sentido do mineiro
É fazer de um fracasso
O espírito da vitória
Dentro do mesmo compasso
Sem perder motivação
No ritmo do mesmo passo.
Mineiro dono do “Uai”
De sotaque natural
Fala baixo escuta muito
Preservando a moral
Não é santo de pau oco
E nem é cara de pau.
10
O mineiro mineirando
Gosta mesmo de mercado
Não despreza uma rabada
Não escorrega no molhado
Come tudo que vier
Pois comer não é pecado.
O mineiro não perde o trem
Nem diz que trem vai pegar
Um trem bom é qualquer coisa
Pra se ver ou mastigar
Trem ou troço tem bastante
Não precisa procurar.
O mineiro quando morre
Por todos é consolado
Morrer é acontecimento
Ninguém de fato é poupado
Já disse Guimarães Rosa:
- Não morreu, ficou encantado.
Despeço-me deste cordel
Com saudações cordiais
Quem conheceu este Estado
Não o esquecerá jamais
Salve todos os mineiros
E salve Minas Gerais.
11
Mineiro também eu digo
É ser especialista
Paquerar uma mulher
Com sutileza dum artista
Dize pouco de si próprio
Mesmo que a jovem insista.
Minas Gerais também é
Terra da bela mineira
Sobretudo inteligente
Peremptória e faceira
Se bobear ela sabe
Levar água na peneira.
Em Minas também cultiva
Uma viola caipira
Uma congada de primeira
Como também uma catira
Uma folia pra dançar
Se o turista interessar
Venha cá e logo confira.
Não podemos esquecer
Do mineiro em romaria
Ele frequenta festa santa
Para alegrar o seu dia
E na hora de dormir
Sabe rezar Ave-Maria.
12
Fim
terça-feira, 27 de março de 2012
cordel para Celso Cunha
CELSO CUNHA – O NÃO-GRAMÁTICO
Autor: Olegário Alfredo – membro da ABLC e ALTO
Oh, fonte de inspiração
Minha fiel testemunha
Entrai em minha cabeça
E depressa me rascunha
Pra que eu possa burilar
Vida e obra de Celso Cunha.
O Brasil é um celeiro
De portentos cabedais
Pois em qualquer região
Temos muitos imortais
Com maior predominância
Aqui nas Minas Gerais.
Um deles precisamente
Digo com sinceridade
Nascido em terra mineira
Em uma bela cidade
Projetou cedo na vida
Cheio de prosperidade.
É Celso Ferreira Cunha
Personagem em questão
Um homem de muitas letras
O maior da região
Sua Gramática normativa
Estudou toda Nação.
1
Em Teófilo Otoni ocorreu
O dia do nascimento
A inteligência foi sua amiga
Em fase do crescimento
Muito cedo demonstrou
Ter muito conhecimento.
Dez de maio na folhinha
Anunciava o calendário
Novecentos e dezessete (1917)
Ano revolucionário
Celso cunha balbuciando
Palavras de dicionário.
Filho de Tristão da Cunha
Grande político mineiro
E de Júlia Versiane
Família de bom dinheiro
Com quatro anos de idade
Vão pro Rio de Janeiro.
Tendo só dezessete anos
Começou no magistério
Professor de Português
Sempre com muito critério
Prematuro na carreira
Um menino muito sério.
2
O Colégio do iniciante
De nome Pedro Segundo
Dedicação com vigor
Celso Cunha foi no fundo
Pois ali seria a abertura
Das porteiras para o mundo.
Com dedicação profunda
Em Direito bacharelou (1938)
E concomitantemente
Em Letras ele formou
O sonho de ser filólogo
Rapidamente alcançou.
Celso Cunha era sisudo
Só na gramaticatura
Mas fora de seus estudos
Uma alegre criatura
Muita festa e comilança
Após cada formatura.
E foi na Universidade
Do Distrito Federal (RJ)*
Veio à decidida opção
Pela crítica textual
De gostar dos trovadores *
Como também do jogral. *
Naquele tempo ser filólogo
Era para intelectual
Conhecer a mater língua
Era o marco principal
Nossa base do latim
Do tempo medieval.
O seu método adotado
Foi o histórico-comparativo
Usando o português arcaico
Ele se viu mais criativo
Resolvendo seus problemas
No caráter educativo.
Celso Cunha também deu
Contribuição essencial
Aos estudos dos cancioneiros *
Que foi bem fundamental
Ver a origem e evolução
Da língua de Portugal.
Os seus trabalhos nessa área
E na versificação
Para os estudos poéticos
Teve boa solução
O Celso Cunha estudava
Até chegar à exaustão.
4
Temos como resultado
Pelas longas noitadas
Um grandioso trabalho
Das gramáticas publicadas
Todas com reedições
E pelo mundo espalhadas.
Celso Cunha passou a vida
A escrever livros e a ler
A ensinar e a conversar
Foi o seu modo de viver
Está envolvido com livros
Era seu maior prazer.
Noite adentro Celso Cunha
Gostava de trabalhar
E na sua biblioteca
Era mesmo de se admirar
Com mais de trinta mil livros
Cada qual no seu lugar.
Todos bem encadernados
Em couro de qualidade
E papel marmoreado
Com originalidade
Celso Cunha se orgulhava
Sem nenhuma vaidade.
5
Celso cunha sempre dizia
Ser o seu próprio patrono
E que sua biblioteca
Nunca a deixou no abandono
Gabava-se de ter sido
Toda lida pelo dono.
Celso Cunha, o literato
Estudava pra valer
Nada nos livros anotava
Isto para não perder
O valor bibliográfico
Dos livros que estava a ler.
Celso Cunha parecia
Ter memória de gigante
Mesmo fora do Brasil
Não hesitava um instante
Sabia bem onde estavam
Todos os livros da estante.
Por telefone ele pedia
Uma consulta ligeira
- Quero o livro de estudo
Da história brasileira
Foi guardado há dez anos
Na segunda prateleira.
6
- Abra na página dezoito
E confere a citação
Veja se foi a Izabel
Que proclamou Abolição
Se acaso estiver correto
Dei-me a confirmação.
Era assim que trabalhava
Noite e dia sem parar
Celso cunha foi, portanto.
Digo sem exagerar
O maior gramático do mundo
Um gênio espetacular.
A sua casa parecia
A extensão da Academia
Tanto livro enfileirado
Em perfeita harmonia
Celso Cunha transpirava
Pura bibliofilia.
Às vezes caía na farra
E poema declamava
Em bares da boemia
Celso Cunha perambulava
Era o avesso da gramática
Que nele manifestava.
7
E pra sua casa levava a
Velha Guarda da Portela
Bebia, cantava e sambava.
Como numa passarela
Os verbos gramaticais
Fugiam pela janela.
A várias academias
Pertenceu naturalmente
A Brasileira de Letras
Cito aqui primeiramente
Vem a de Filologia
Como fato decorrente.
Deu aula em muitas escolas
Sobre língua e variedades
No Brasil e exterior
Pelas Universidades
Como em Paris, Portugal
E demais localidades.
Celso Cunha se compara
A um portento mundial
Exerceu variados cargos
No serviço Federal
E foi Diretor Chefe da
Biblioteca Nacional.
8
Autor: Olegário Alfredo – membro da ABLC e ALTO
Oh, fonte de inspiração
Minha fiel testemunha
Entrai em minha cabeça
E depressa me rascunha
Pra que eu possa burilar
Vida e obra de Celso Cunha.
O Brasil é um celeiro
De portentos cabedais
Pois em qualquer região
Temos muitos imortais
Com maior predominância
Aqui nas Minas Gerais.
Um deles precisamente
Digo com sinceridade
Nascido em terra mineira
Em uma bela cidade
Projetou cedo na vida
Cheio de prosperidade.
É Celso Ferreira Cunha
Personagem em questão
Um homem de muitas letras
O maior da região
Sua Gramática normativa
Estudou toda Nação.
1
Em Teófilo Otoni ocorreu
O dia do nascimento
A inteligência foi sua amiga
Em fase do crescimento
Muito cedo demonstrou
Ter muito conhecimento.
Dez de maio na folhinha
Anunciava o calendário
Novecentos e dezessete (1917)
Ano revolucionário
Celso cunha balbuciando
Palavras de dicionário.
Filho de Tristão da Cunha
Grande político mineiro
E de Júlia Versiane
Família de bom dinheiro
Com quatro anos de idade
Vão pro Rio de Janeiro.
Tendo só dezessete anos
Começou no magistério
Professor de Português
Sempre com muito critério
Prematuro na carreira
Um menino muito sério.
2
O Colégio do iniciante
De nome Pedro Segundo
Dedicação com vigor
Celso Cunha foi no fundo
Pois ali seria a abertura
Das porteiras para o mundo.
Com dedicação profunda
Em Direito bacharelou (1938)
E concomitantemente
Em Letras ele formou
O sonho de ser filólogo
Rapidamente alcançou.
Celso Cunha era sisudo
Só na gramaticatura
Mas fora de seus estudos
Uma alegre criatura
Muita festa e comilança
Após cada formatura.
E foi na Universidade
Do Distrito Federal (RJ)*
Veio à decidida opção
Pela crítica textual
De gostar dos trovadores *
Como também do jogral. *
Naquele tempo ser filólogo
Era para intelectual
Conhecer a mater língua
Era o marco principal
Nossa base do latim
Do tempo medieval.
O seu método adotado
Foi o histórico-comparativo
Usando o português arcaico
Ele se viu mais criativo
Resolvendo seus problemas
No caráter educativo.
Celso Cunha também deu
Contribuição essencial
Aos estudos dos cancioneiros *
Que foi bem fundamental
Ver a origem e evolução
Da língua de Portugal.
Os seus trabalhos nessa área
E na versificação
Para os estudos poéticos
Teve boa solução
O Celso Cunha estudava
Até chegar à exaustão.
4
Temos como resultado
Pelas longas noitadas
Um grandioso trabalho
Das gramáticas publicadas
Todas com reedições
E pelo mundo espalhadas.
Celso Cunha passou a vida
A escrever livros e a ler
A ensinar e a conversar
Foi o seu modo de viver
Está envolvido com livros
Era seu maior prazer.
Noite adentro Celso Cunha
Gostava de trabalhar
E na sua biblioteca
Era mesmo de se admirar
Com mais de trinta mil livros
Cada qual no seu lugar.
Todos bem encadernados
Em couro de qualidade
E papel marmoreado
Com originalidade
Celso Cunha se orgulhava
Sem nenhuma vaidade.
5
Celso cunha sempre dizia
Ser o seu próprio patrono
E que sua biblioteca
Nunca a deixou no abandono
Gabava-se de ter sido
Toda lida pelo dono.
Celso Cunha, o literato
Estudava pra valer
Nada nos livros anotava
Isto para não perder
O valor bibliográfico
Dos livros que estava a ler.
Celso Cunha parecia
Ter memória de gigante
Mesmo fora do Brasil
Não hesitava um instante
Sabia bem onde estavam
Todos os livros da estante.
Por telefone ele pedia
Uma consulta ligeira
- Quero o livro de estudo
Da história brasileira
Foi guardado há dez anos
Na segunda prateleira.
6
- Abra na página dezoito
E confere a citação
Veja se foi a Izabel
Que proclamou Abolição
Se acaso estiver correto
Dei-me a confirmação.
Era assim que trabalhava
Noite e dia sem parar
Celso cunha foi, portanto.
Digo sem exagerar
O maior gramático do mundo
Um gênio espetacular.
A sua casa parecia
A extensão da Academia
Tanto livro enfileirado
Em perfeita harmonia
Celso Cunha transpirava
Pura bibliofilia.
Às vezes caía na farra
E poema declamava
Em bares da boemia
Celso Cunha perambulava
Era o avesso da gramática
Que nele manifestava.
7
E pra sua casa levava a
Velha Guarda da Portela
Bebia, cantava e sambava.
Como numa passarela
Os verbos gramaticais
Fugiam pela janela.
A várias academias
Pertenceu naturalmente
A Brasileira de Letras
Cito aqui primeiramente
Vem a de Filologia
Como fato decorrente.
Deu aula em muitas escolas
Sobre língua e variedades
No Brasil e exterior
Pelas Universidades
Como em Paris, Portugal
E demais localidades.
Celso Cunha se compara
A um portento mundial
Exerceu variados cargos
No serviço Federal
E foi Diretor Chefe da
Biblioteca Nacional.
8
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