quinta-feira, 28 de junho de 2012
cordel para Jorge Amado
CORDEL PARA JORGE AMADO
Peço ao Senhor do Bonfim
A seus pés ajoelhado
Que deixai constantemente
Meu caminho iluminado
Para que possa escrever
Vida e obra de Jorge Amado.
A Bahia é um celeiro
De portento cabedal
É berço da capoeira
Candomblé e carnaval
E para o Brasil inteiro
Foi a primeira capital.
Terra de grandes artistas
Da música e literatura
Artes plásticas e cerâmicas
Cordel e xilogravura
Desde o tempo do barroco
Sempre na mesma postura.
Louvemos Jorge Amado
Grande escritor por inteiro
Soube bem representar
O dia-a-dia corriqueiro
Sendo um bom regionalista
Do baiano brasileiro.
1
Quem visita Salvador
Fica todo deslumbrado
A riqueza arquitetônica
Não há nada comparado
Numa delas é que fica
A "Casa de Jorge Amado".
E toda obra deste artista
Nesta casa está guardada
É uma casa magnífica
Precisa ser visitada
A magia de Jorge Amado
Pra Nação foi proclamada.
Jorge Amado de Farias
Dia 10 de agosto nasceu
Na cidade de Itabuna
E em Ilhéus ele crescer
Ainda muito pequeno
Escrever ele aprendeu.
Foi filho de João Amado
E dona Eulália Leal
O menino baianês
Angoleiro Regional
Seu carisma se espalhou
Muito além da capital.
2
Teve infância de moleque
Em Ilhéus terra baiana
Vivendo à beira do cais
Vendo a vida cotidiana
De quem vive pela terra
Pelo mar ou pela serra
Feito tradição cigana.
Jorge Amado um ser humano
Realista e sonhador
Vivia transitando
Em Ilhéus e Salvador
Duas cidades recheadas
De magia, mistério e amor.
Tendo somente quinze anos
No jornalismo inicia
Publicando suas matérias
No “Diário da Bahia”
Demonstrando qualidades
Nos artigos que escrevia.
Dando sinais de mudança
Da nossa literatura
Cria junto aos escritores
Demonstrando ruptura
A famosa “Academia
Dos Rebeldes” da Bahia.
Marco forte da cultura.
3
Em revistas de vanguarda
Foi um bom colaborador
“Momento e Meridiano”
Incomodava o leitor
Assim era Jorge Amado
Um polêmico inovador.
Formado em advocacia
Mas não quis seguir carreira
Via na literatura
Aliada companheira
Desta forma agradou
Toda nação brasileira.
A sua primeira mulher
Foi Matilde Garcia Rosa
Gerou uma garota linda
Lila, doce e formosa
Muito cedo faleceu
De maneira melindrosa.
Jorge Amado logo então
Veio a casar novamente
Zélia Gattai mulher linda
É que foi a pretendente
O João Jorge e Paloma
Seus filhos naturalmente.
4
No ano de trinta e um
Uma data sem igual
Escreve o primeiro livro
"O País do Carnaval"
Jorge Amado ver na frente
O campo internacional.
Jorge Amado passa a ter
Tempestade cerebral
Pois no ano trinta e três
Lança o romance "Cacau"
Trinta e quatro vem "Suor"
De forma bem natural.
O baianinho porreta
Docemente vagabundo
Descobriu no ser humano
O seu sentido profundo
Desta forma os seus livros
Se esparramam pelo mundo.
No ano de trinta e cinco
Com a bênção do orixá
Trazida dos ancestrais
Escreve o “Jubiabá”
Romance de cunho forte
Modernista vatapá.
5
Pelos anos 36
Com todo tomado corpo
Pela pura literatura
Observada no cais do porto
Nos apresenta a obra prima
Que foi o livro “Mar Morto”.
Peneirando o social
Em sua mágica bateia
Pelo dia ensolarado
Ou nas noites de lua cheia
Escreve o livro mais lindo
Que é o "Capitães de Areia"
Com vasta bibliografia
É mesmo de se admirar
Vou citando as consagradas
Pelo Brasil e além-mar
Jorge Amado, amado rei
Tão profundo e popular.
Temos "Farda e Fardão
Camisola de Dormir"
Livro de humor ferino
Para chora e sorrir
Da banalidade da elite
Que tem medo de cair.
6
E vem "Gabriela Cravo e
Canela" na passarela
O mundo inteiro assistiu
Livro que virou novela
Coronéis, jagunços e gringos
Todo mundo amante dela.
“Dona Flor, seus dois Maridos”
Escreve com maestria
Relatando com sabor
Vida besta da Bahia
Logo “Os Pastores da Noite”
Livro cheio de magia.
São livros atrás de livros
“Seara Vermelha” a dor
Da vida do retirante
Que foge do dissabor
Lá da “Terra do sem-fim”
Em busca do Salvador.
Viva “Tieta do Agreste”
Best seller à brasileira
Que em filme transformou
E em novela de primeira
Jorge Amado, bem amado
Figura tão prazenteira.
7
Olha a “Teresa Batista
Cansada de guerra” está
“A Morte e a Morte de Quincas
Berro D’Água, agora já
Um baianinho malandrinho
Do Ilê Axé do Opô Afonjá.
Lá na “Tenda dos Milagres”
Tem “Os velhos Marinheiros”
Com “O Compadre de Ogum”
Unidos aos cavalheiros
Quanto livro minha gente
Para todos os brasileiros.
Lá na “Tenda dos Milagres”
Tem “Os Velhos Marinheiros”
Com o “Compadre de Ogum
Unidos aos cavalheiros
Quanto livro minha gente
Para todos os brasileiros.
E dando prosseguimento
Com a proteção dos céus
Iutro livro vem chegando
Da terra dos mundaréus
O livro mais emblemático
O “São Jorge dos Ihéus”.
8
E no mundo da poesia
Jorge Amado soube entrar
Poemas de qualidades
Ele soube versejar
Um livreto muito raro
Que é “A Estrada do Mar”.
E também para os pequenos
Enveredou Jorge Amado
Foi um Infanto-juvenil
Com nome “O Gato Malhado
E a Andorinha Sinhá”
Livro feito e publicado.
O “ABC de Castro Alves”
Faz lembrar nosso cordel
Jorge Amado fez bem-feito
Esse registro no papel
O “Cavalheiro da Esperança”
Livro bom do menestrel.
E vem obras de memórias
Do garoto de Itabuna
“Navegação de Cabotagem”
Mas “O Menino Grapiúna”
Jorge Amado sempre firme
Pra vida não dá lacuna.
9
Escreveu crônicas e contos
Nosso baiano em questão
Uma peça de teatro
Aumentando a relação
De nome “O Amor do Soldado”
Peça rica de emoção.
Resolveu virar político
Antes de ser imortal
Desta feita se elegeu
Deputado Federal (1945)
Pode assim criar mais leis
No ambiente cultural.
No Governo de Getúlio
Foi pressão pra todo lado
Como era do PCB
Do Brasil foi exilado
Uruguai mais Argentina
França, Praga ou outro lugar
Sendo democratizado.
Foi membro da Academia
Brasileira de Letras, pois
Seu merecido lugar
Não quis deixar pra depois
Sabendo que a lei do mundo
Um mais um é sempre dois.
10
Muitos prêmios recebidos
Difícil relacionar
“Graça Aranha” e “Jabuti”
Aqui me ponho a citar
“Moinho Santista”, “Nestlé”
Outros mais no candomblé
Onde vivia a freqüentar.
“Sofia”, “Moinho Itália”
Prêmios vindos do estrangeiro
“Pablo Neruda”, “Camões”
Outros prêmios em dinheiro
Agora “Lênin da Paz”
Para o Jorge Brasileiro.
A sua obra foi traduzida
Dizem que pro mundo inteiro
Citar nomes dos países
É coisa pra viageiro
Jorge Amado foi pro mundo
Um escritor visioneiro.
Era bastante querido
Em centenas de cidades
Embora com muita fama
Vivia de simplicidades
Foi Doutor Honoris Causa
Em 10 universidades.
11
São traços de suas obras
De um Jorge politizado
Preocupado com o povo
Em todo seu fiel estado
Pescadores, marginais
Crianças e animais
Excluído e injustiçado.
Denunciou e combateu
As malignas corrupções
Amigo dos capoeiras
Cordelistas e artesões
Menores abandonados
Malandros e foliões.
Dizia ser materialista
Mas era cheio de fé
Freqüentava santuários
Glorificado de axé
Teve título de Oba Xangô
Na roda do candomblé.
Foi-se embora Jorge Amado
Para casa Grande do Pai
Na data de 6 agosto (2001)
Do pensamento não me sai
Hoje vive sentadinho
Perto de Zélia Gattai.
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